Agentes da Delegacia de Polícia Especializada no Atendimento
à Mulher (DEAM) de Rio Grande, coordenados pela delegada Caroline Cunha de Bem,
realizaram no final da tarde dessa sexta-feira (05/10) uma operação denominada
“Libertas quae sera tamen” (liberdade ainda que tardia), naquele município.
A ação ocorreu em conjunto com a comissão executiva do grupo
de saúde mental e moradia – composta pelo Ministério Público, Secretaria
Municipal de Saúde, Rede Família e Vigilância Sanitária.
De acordo com a delegada Caroline, a ação foi movida por
denúncia de maus tratos em um asilo que funcionava de forma irregular na Rua
Pedro Rocha de Andrade, no bairro Vila Maria. O local abrigava dois idosos, uma
deficiente mental e um menino com paralisia cerebral.
Segundo a denúncia, a proprietária do asilo e um travesti,
conhecido por “Sol”, eram os responsáveis pela violência, sendo que Sol já
tinha sido indiciado anteriormente por maus tratos.
Quando os agentes chegaram ao local a proprietária não se
encontrava, havia apenas uma cuidadora e foi possível colher o depoimento dos
abrigados, antes da investigada chegar. Eles relataram aos policiais as
agressões praticadas contra uma das deficientes mentais, que era espancada, com
socos, puxões de cabelos, pontapés e até mesmo com um cabo de vassoura, bem
como forçada a fazer o serviço doméstico do local.
Os outros, de acordo com os depoimentos, não sofriam
agressões físicas, mas eram submetidos à violência psicológica diariamente e
muitas vezes lhes era negada alimentação – relatou a delegada.
De acordo com a delegada, as vítimas foram encaminhadas ao
posto médico legal a fim de que fosse averiguada, através de exame a prática
dos maus tratos. Foi constatado ainda que um dos idosos estava em estado de
subnutrição, com apenas 38 quilos.
Este idoso, o qual não possuía uma das pernas e ficava sempre
em cadeira de rodas, relatou também que os abrigados ficavam várias horas do
dia sozinhos, trancados dentro da casa e na chegada da comissão pedia: “pelo
amor de Deus retirem-me daqui”.
A proprietária do estabelecimento recebia pelo menos um
salário mínimo para cuidar de cada uma dessas pessoas, sendo que algumas
famílias chegavam a pagar até R$1.200,00 para deixar seu familiar no local.
Os idosos foram levados a um asilo regular. Já a deficiente
mental e o menino com paralisia, foram realocados em outro abrigo até que se
consiga contato com as famílias para encaminhá-los a um lugar mais adequado.
Todos os relatos das vítimas foram gravados em vídeos e serão anexados ao
inquérito policial e enviados ao Ministério Público para instrução do devido
processo criminal.
Fonte: Polícia Civil do RS
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