Funcionário do jogador não gostou de ser chamado de
homossexual por Rui Pimenta, que interpretou a correspondência entre os
acusados de matar Eliza como fim de um romance
Se houve mesmo um caso de amor entre o goleiro Bruno e seu
amigo e funcionário, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, ninguém sabe ao certo.
Mas os advogados dos dois principais acusados de tramar o sequestro e a morte
da jovem Eliza Samudio, certamente, já se odeiam. Leonardo Diniz, que
representa Macarrão, apresentou, esta tarde, uma medida preparatória de um
processo de difamação contra o colega Rui Caldas Pimenta, defensor do jogador.
O motivo são as declarações de Pimenta sobre a “relação homossexual” entre os
dois acusados. Pimenta levantou esta hipótese no ano passado, e voltou a dar declarações
nesse sentido após a revelação, por VEJA, de uma carta em que Bruno pede ao
amigo para assumir a culpa pelo crime.
A medida, que poderá dar início a um processo judicial de
Diniz contra Pimenta, já foi distribuída na 10ª Vara Criminal do Fórum Lafayette,
em Belo Horizonte. Na ação, Diniz pede que o colega se explique em juízo sobre
as afirmativas da suposta relação homoafetiva entre Bruno e Macarrão, e que se
justifique sobre as declarações ofensivas, que, segundo o advogado de Macarrão,
ferem a honra e a dignidade de seu cliente. Esta seria, segundo Diniz, a
primeira de duas ações planejadas contra Pimenta. “O colega está agindo por
conta própria, à revelia, sem o conhecimento do Bruno. Então, ele que se
explique em juízo. O Luiz Henrique não é homossexual e está sendo vítima de um
advogado que só quer tumultuar o processo e desviar a atenção do foco
principal, que é provar se houve ou não um crime”, disse Diniz.
A defesa de Macarrão continua a sustentar a versão de que
Eliza Samudio não está morta, embora uma testemunha tenha relatado à polícia
detalhes da execução da jovem, em junho de 2010. O sumiço se deu após Eliza ter
sido sequestrada no Rio e mantida cinco dias no sítio de Bruno, em Esmeraldas, na
região metropolitana de Belo Horizonte. Eliza era ex-amante do goleiro e
brigava na Justiça para que ele assumisse a paternidade de seu filho, Bruninho,
também mantido em cárcere privado em Esmeraldas. O menino, atualmente com dois
anos, vive com a avó materna, Sônia de Fátima Moura, no Mato Grosso do Sul.
Os advogados de Bruno confirmaram na segunda-feira que a
carta revelada por VEJA foi mesmo escrita pelo goleiro. A reportagem de VEJA
obteve de dois peridos a confirmação da autenticidade da assinatura de Bruno no
manuscrito.
Um dos trechos da carta diz o seguinte: “Eu sinceramente
nunca pediria isso para você, mas hoje não temos que pensar em nós somente.
Temos uma grande responsabilidade que são nossas crianças”, diz o goleiro.
“Você me disse que se precisasse você ficaria aqui e que era para eu nunca te
abandonar. Então, irmão, chegou a hora”, acrescenta. Bruno ainda pediu perdão
por três vezes.
Rui Pimenta enxergou, na mensagem, o término de um romance
entre Bruno e Macarrão. Para o advogado, Macarrão teria cometido o crime
sozinho, sem conhecimento de Bruno, por ter ciúmes de Eliza. A versão é
diferente da de outro advogado que representa Bruno. Francisco de Assim Simim,
que também defende o jogador, disse que o texto se refere a um rompimento de
amizade do Bruno com o melhor amigo e braço direito (Macarrão).
O desaparecimento de Eliza Samudio, um dos crimes mais
macabros que o Brasil já conheceu, ganha, aos poucos, notas de absurdo também
pela postura dos advogados envolvidos. O primeiro representante de Bruno, Ércio
Quaresma, contratado assim que o jogador teve o nome ligado ao caso, foi
afastado depois de aparecer em um vídeo em que consumia crack. Em outro
momento, pessoas próximas ao goleiro se envolveram em uma acusação de tentativa
de pagamento de suborno a uma juíza. Dado o histórico de defesa dos sete réus
que permanecem presos, poucos movimentos seriam surpreendentes. Mas, ainda
assim, é bom não duvidar.
Fonte: Site Veja
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