Mapeamento de ZH a partir de estatísticas oficiais mostra que o tráfico, sobretudo de crack, e os homicídios tomaram lugar dos saques ao patrimônio, como os assaltos a banco, nos últimos 11 anosNos últimos 11 anos, o Rio Grande do Sul assistiu a uma mudança na criminalidade. A vida perdeu valor e o tráfico ganhou força. Em contrapartida, os saques contra o patrimônio, sobretudo aos bancos, encolheram. Esse novo panorama é o que sobressai da análise de estatísticas oficiais da Secretaria da Segurança Pública desde o início dos anos 2000 no Estado.
O tráfico e o homicídio cresceram juntos como irmãos, embalados pela mão do crime organizado. Os registros de apreensão de drogas subiram como foguete, e o crack alcançou o topo do ranking dos narcóticos, assumindo a responsabilidade de carro-chefe da delinquência.
– A pedra é a mãe de todos os outros crimes – afirma a juíza Viviane de Faria Miranda, da 1ª Vara Criminal do Fórum do Sarandi, uma das áreas castigadas pela violência na Capital.
Segundo a magistrada, de cada 10 processos sobre drogas, oito referem-se à venda de crack. O psiquiatra e psicanalista Sérgio de Paula Ramos alerta que a supremacia do crack está inserida no ciclo da droga e que a pedra deverá ceder espaço a drogas sintéticas.
Integrante da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas e coordenador da Unidade de Dependência Química do Hospital Mãe de Deus, Ramos prevê um cenário sombrio por conta da popularização do ecstasy e similares:
– Isso já acontece nos EUA. Aqui, percebo pelo número de pacientes que nos procuram que o pico do crack já passou. Mas seguirá o problema de saúde pública a ser enfrentado.
O reinado do crack a partir de 2000 pode ajudar a explicar a queda vertiginosa dos roubos a agências e a postos bancários. O delegado da Polícia Civil Luis Fernando Martins revela que a pedra vem atraindo quadrilheiros para o tráfico que, até 10 anos atrás, dedicavam-se basicamente a assaltos.
Os ataques a bancos reduziram em razão de investimentos em equipamentos de segurança e empenho das forças policiais. O índice oficial de queda é de 81,4%. Uma estatística do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, incluindo furtos e tentativas, indica retração de 38,2% a partir de 2006.
Fonte: Site Zero Hora
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