(*)O artigo "Exame indispensável" é de autoria de Josemar Dantas, editor do suplemento Direito & Justiça, do jornal Correio Braziliense:
A composição de conflitos na ordem social por meio de mediação de instâncias judiciárias é uma das principais garantias que substanciam o Estado Democrático de Direito. Não passa de truísmo afimar que, onde o Judiário é apenas peça decorativa para simular a existência de democracia, não há segurança quanto à reparação de violências a direitos fundamentais. Mas é preciso colocar em cena a verdade inconteste ante reações que parecem desconhecê-la.
A autoridade da Justiça, nos regimes abertos, afluentes e sujeitos aos cânones da ordem jurídica, não é exercida de forma autárquica, isto é, depende de provocação da sociedade. Quem se investe no direito de acionar o Poder Judiciário em nome dos cidadãos são profissionais dotados de comprovada habilitação técnica. No plano da representação dos interesses privados, cumpre aos advogados fazê-lo (salvo os jurisdicionados a órgãos públicos). É o que todos sabem. Mas há os que não se conformam.
É o caso da resistência de bacharéis ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) como pressuposto indispensável para declará-los aptos ou não ao exercício da advocacia. A prova de conhecimento busca evitar que demandas sejam ajuizadas por quem carece de capacidade acadêmica para atuar nas instâncias judiciais. A deficiência docente de centenas de cursos de direito, entre os 1.066 existentes no país (dado do Ministério da Educação), responde pela outorga de diplomas universitários a estudantes despreparados.
Não surpreende, pois, o fato de 88,2%, dos 106.891 bacharéis avaliados pela OAB este ano, terem sido reprovados. Outro resultado alarmante, mas distante de representar novidade: nenhum candidato de 81 das 610 faculdades que submeteram diplomados ao filtro da OAB obteve êxito. O retrato assustador comprova que o Exame de Ordem não é apenas indispensável. Deve ser utilizado, também, como fonte para consolidar ações do Ministério da Educação na tarefa de ampliar a fiscalização das entidades de ensino jurídico e, se necessário, puni-las ou desativá-las.
Lamenta-se que milhares de brasileiros, a maioria onerada ao extremo, sejam vítimas de instituições desprovidas de mínimas condições pedagógicas para ministrar matérias de nível superior. Admitir a extinção do Exame de Ordem para favorecer os prejudicados, como prega o desespero de muitos deles, implicaria condenar a coletividade ao escrutínio de milhares de advogados iletrados em ciência jurídica. Chegar-se-ia ao caos generalizado. Na Justiça, pela possibilidade de decidir de modo injusto ante a má formulação do direito ou em razão de sustentações exóticas das peças contestatórias. Na OAB, pela desmoralização dos advogados.
O Exame de Ordem não se impõe apenas em consequência de previsão no Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei nº 8.906/1994). Decorre, sobretudo, da função crítica que a OAB exerce no conjunto das instituições democráticas, dever incompatível com a admissão em seus quadros de membros inábeis à postulação judicial. Não por outra razão, o artigo 133 da Constituição declara: "O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da
Um comentário:
Faço parte das estatísticas de reprovação da OAB,avalio a prova como extremamente difícil o que aliás 86% dos candidatos acham também.
O exame da ordem é necessário, pois acredito que deve ter um filtro sim, caso contrário íamos encontrar escritório de advocacia até nas bancas dos camelos, alguém dúvida?
Porém, é indiscutível a forma e o modo que a OAB e FGV adotam para a seleção, o que chega a ser um absurdo,tanto do nível de dificuldade quanto ao valor da taxa de inscrição,valor este que foge da realidade,assim como eu existem milhares de estudantes que concluem o curso com o auxilio do PROUNI,FIES, e não tem condições de arcar com uma taxa absurda, além disso o prazo para solicitar isenção o que não me surpreende é somente de 24 horas,será que o objetivo é arrecadação?
Bem, somando os dois últimos concursos houve em média 226 mil inscritos , será que alguém já parou para olhar a lista dos que conseguem a isenção da taxa, é melhor nem fazer, pois chega a ser depressivo.
Querida professora, desculpe o desabafo, é que realmente estou indignado, não excluo a minha parcela de culpa na reprovação tenho consciência disso,porém também é notório que um dos objetivos da OAB é arrecadação,acredito que teria de haver uma forma de redução do valor da taxa e um maior prazo para isenção,isto tudo so depende da sensibilidade dos hoje mercenários, enquanto isto continuar teremos que ficar nos submetendo, bem como a tantas coisas hoje no Brasil.
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