Advogado critica falta de equipamento: 'Copo em parede é coisa de comadre'.
Mãe da garota diz que culpa da polícia na morte chega a 50%.
O advogado da família de Eloá Pimentel, garota morta há mais de três anos por Lindemberg Alves, revelou nesta segunda-feira (27) que move um processo contra a Polícia Militar de São Paulo pedindo danos morais e materiais pela forma como a ação foi conduzida, culminando em uma tentativa de resgate fracassada.
De acordo com o advogado Ademar Gomes, a polícia foi negligente. A ação foi impetrada em setembro do ano passado - a demora, segundo ele, ocorreu devido ao aguardo de perícias.
“Não podemos aceitar que não há equipamentos para uma escuta. Copo em parede é coisa de comadre”, afirmou. Reportagem do G1 mostrou no último dia 15 que o negociador usava celular pessoal próprio, de acordo com depoimentos de policiais que participaram da ação e que constam de um inquérito feito pela própria polícia para apurar a conduta deles.
Tanto o advogado Ademar Gomes, como a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, afirmaram em entrevista coletiva nesta segunda-feira (27) que a polícia podia ter agido antes para resgatar a garota - o cativeiro durou mais de cem horas.
“A polícia teve várias chances de fazer alguma coisa e não fez”, afirmou Ana Cristina. “Não podemos conceber cem horas de cárcere privado sem reação da polícia”, afirmou Ademar Gomes.
Segundo ele, a ação teve tantos erros que a defesa de Lindemberg Alves tentou dividir a culpa da morte de Eloá com a polícia. Ana Cristina Pimentel calculou a culpa da polícia em 50%. Ela reclamou do fato de a polícia ter lhe dado esperança, uma vez que Lindemberg afirmava que ia matar Eloá. Por outro lado, a mão de Eloá procurou defender a atuação do Gate no que diz respeito ao fato de ter levado o filho dela Everton Douglas, hoje com 17 anos e à época com 14, para negociar com Lindemberg por serem amigos. “A polícia tentou, errou, mas quis ajudar”, afirmou.
Nayara, amiga de Eloá, também foi usada na negociação e acabou retornando ao cativeiro. Um inquérito foi aberto pelo Ministério Público logo após o fim do sequestro para apurar essa ação. Após dois anos de depoimentos, o inquérito foi arquivado em julho de 2010, contrariando a vontade do juiz que atuava no caso, Marcos Fernando Theodoro Pinheiro, da Justiça Militar de São Paulo.
Ele pediu que o tenente-coronel Flávio Depieri, um dos responsáveis pelo gerenciamento da crise, respondesse a uma ação penal pelo risco assumido ao colocar Nayara em posição de negociação nas proximidades do apartamento onde estava Lindemberg. A pena pela infração ao Código Penal Militar é de até cinco anos, caso esse "abandono" resulte em ação grave.
Questionada pelo G1 sobre o processo e sobre as críticas do advogado e da mãe de Eloá, a PM solicitou o encaminhamento de um e-mail, que ainda não foi respondido.
A mãe de Eloá Pimentel, Ana Cristina Pimentel, que viu o assassino de sua filha, Lindemberg Alves, ser condenado a 98 anos de prisão, afirmou nesta segunda-feira (27) que não aceitou seu pedido de desculpas. “O Lindemberg teve três anos para me pedir perdão. Teve todas as oportunidades. Ele poderia ter escrito. A mãe dele vai visitá-lo. E não o fez. No dia, quando ele me viu, a advogada foi falar no ouvido dele. Pareceu orientação. Então, é um perdão que eu não aceito.“
Julgamento
O julgamento de Lindemberg Alves durou quatro dias e foi realizado no Fórum de Santo André, no ABC. A decisão foi lida pela juíza Milena Dias no último dia 16, pouco mais de três anos do sequestro em outubro de 2008, que durou mais de cem horas. No quinto dia do sequestro, em 17 de outubro de 2008, Eloá recebeu dois tiros de Lindemberg, um na região de virilha e outro na cabeça. Já Nayara, amiga de Eloá, levou um tiro que atingiu a mão e a boca, mas sobreviveu.
No julgamento, Lindemberg tentou convencer o júri de que não teve a intenção de matar Eloá e que gostava dela. O disparo, segundo ele, foi uma reação a um movimento feito pela garota no momento da invasão pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).
Fonte: Site G1
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