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quinta-feira, março 15

Sistema carcerário: fotos de presos exibindo armas servem de alerta

 
Enquanto a Superintendência de Serviços Penitenciários – Susepe - se prepara para apresentar  um plano estratégico buscando melhorar as condições de segurança dos presídios gaúchos – exigência da Vara de Execuções Penais de Porto Alegre depois da fuga de Michel Bonotto da PASC  -  Zero Hora (José Luís Costa) matéria noticiando episódios que colocam as cadeias gaúchas em destaque.

Foto Divulgação Zero Hora 
Segundo o Jornal Zero Hora, no Presídio Central de Porto Alegre, a divulgação de uma foto mostra um preso se exibindo com duas armas de fogo nas mãos. Já na Penitenciária Modulada de Charqueadas, um apenado foi assassinado, sendo esta a terceira morte no complexo prisional em duas semanas, a segunda em quatro dias.

A fotografia mostra a fragilidade na vigilância do Presídio Central. A imagem foi registrada a partir de um telefone celular. As armas  mostradas são um revólver calibre 38 e uma pistola 6.35.

Foto divulgação Zero Hora
Segundo a reportagem do Jornal Zero Hora, a imagem foi gravada em um cartão de memória apreendido por PMs (o Central é administrado pela Brigada Militar) durante uma revista no pavilhão F em 16 de fevereiro. Cerca de 10 dias depois, o revólver e a pistola foram localizados no pavilhão B. Após as descobertas, a Justiça determinou a transferência do preso para a Pasc. O nome dele não foi divulgado — trata-se de um jovem da Vila Bom Jesus, em Porto Alegre, com prisão preventiva decretada pela suspeita de um duplo homicídio.

Armas servem como instrumento de opressão de alguns apenados sobre outros, para comando de galerias e intimidar facções rivais atrás das grades. Entre apenados do regime fechado é praxe a apreensão de armas artesanais – fabricadas pelos próprios presos.

Mas revólver e pistola industriais dentro das celas são raros. Foram 21 apreendidas no ano passado em cinco das principais cadeias gaúchas. Ainda assim, o juiz da VEC de Porto Alegre, Sidinei Brzuska, não se diz surpreso:

— A novidade é o preso tirar fotos — observa o responsável pela fiscalização dos presídios.

Para Brzuska, é quase impossível o acesso de presos a armas verdadeiras sem que tenha ocorrido alguma falha de vigilância, seja por omissão ou corrupção. Mas ele ressalta que, em três anos de atividade, jamais soube de algum caso que resultou em prisão em flagrante de servidores.

— Lembro de agentes penitenciários e de PMs presos em flagrante por levar drogas, celulares ou dinheiro para detentos das penitenciárias Estadual do Jacuí, Modulada de Charqueadas, Madre Pelletier e Albergue Pio Buck, mas nunca levando armas — assegura.

O juiz afirma existir a possibilidade de armas terem sido “pescadas”. Já aconteceu de revólveres e pistolas serem jogados para dentro do pátio das cadeias, e os presos, com pedaços de ímãs amarrados em fios de náilon, fisgarem as armas pela janela das celas.

O promotor Gilmar Bortolotto, da Promotoria de Fiscalização de Presídio, ouvido pelo Jornal Zero Hora lamenta a situação e solicita mudanças profundas, com ampliações de vagas e investimentos.

— O sistema continua atuando de forma emergencial. As mudanças que realmente fariam a diferença não dependem da Susepe. Sem isso, as prisões continuarão fomentando a criminalidade — avalia Bortolotto.

Terceira morte em três meses em Charqueadas

Também notícia a matéria de Zero Hora que a Penitenciária Modulada de Charqueadas registrou na quarta-feira a segunda morte de preso em duas semanas. É a terceira em pouco mais de três meses, todas no setor conhecido como brete. Curiosamente, a área onde são isolados os presos que sofrem algum tipo de ameaça nas galerias.

Vagner Alexandre de Jesus da Silva, 31 anos, condenado por furto e lesão corporal, foi encontrado enforcado por volta das 8h30min de ontem. No local estavam mais dois apenados. Interrogado pela delegada Luciane Bertoletti, da Delegacia da Polícia Civil de Charqueadas, Patrício Machado, o Graxa, 21 anos, confessou o assassinato.

No sábado, o corpo de Fabiano Rosa Pereira, 29 anos, foi encontrado no refeitório do Pavilhão A da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas com sinais de assassinato por asfixia.

Contrapontos

O que diz Gelson dos Santos Treiesleben, superintendente dos Serviços Penitenciários:

“Os questionamentos sobre as medidas de segurança adotadas estão sendo encaminhados à Justiça, que os solicitou. Considero um absurdo armas nas mãos de presos. Trabalhamos intensamente para coibir o ingresso de objetos ilícitos nas prisões. Os números de apreensões de celulares mostram isso. Quanto às mortes, estamos analisando os casos e tomando providências”.

O que diz o coronel Manoel Vicente Ilha Bragança, chefe do Comando de Órgãos Especiais da Brigada Militar, responsável pela administração do Presídio Central de Porto Alegre:

“Nos preocupa existir preso com armas no Central. Estamos investigando o que aconteceu. Todas as armas apreendidas são encaminhadas para a Polícia Civil, que também abre inquérito para apurar os fatos”.

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