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segunda-feira, julho 16

Médicos suspeitos de abuso sexual


Por trás de um jaleco branco e da prerrogativa de terem contato com mulheres, alguns médicos do Distrito Federal estariam abusando sexualmente de pacientes durante consultas. Pelo menos cinco profissionais são investigados pela Polícia Civil suspeitos desse tipo de conduta. Quatro integram o quadro de servidores da Secretaria de Saúde do DF. Os crimes teriam ocorrido no Gama, em Taguatinga e no Paranoá.

Em um dos casos, um clínico-geral atendeu uma jovem na especialidade de ginecologista e praticou o abuso em uma clínica particular. Ele é servidor do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e foi indiciado em abril.

Os outros episódios seguem em apuração e envolvem três ginecologistas e um oftalmologista. As informações são do Correio Braziliense em sua edição de hoje (16).

Outros detalhes

* Casado e pai de dois filhos, o clínico-geral denunciado pela polícia tem 54 anos e teria se oferecido para realizar um exame ginecológico em uma jovem, à época com 20 anos. A paciente aceitou a proposta. A consulta ocorreu em uma clínica em Taguatinga Norte, em 17 de abril. “Achei estranho quando ele se ofereceu para me atender, mas imaginei que fosse profissional. Ao longo da consulta, ele teve um comportamento diferente”, contou a jovem, que preferiu não se identificar (Leia Depoimento). Para evitar que o médico fizesse novas vítimas, ela decidiu contar sua história. “Quero que essa denúncia vá em frente, para que ele pague pelo que fez comigo e pense duas vezes antes de fazer isso com outra pessoa”.

O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, o processo está na Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-Vida), mas corre em segredo de justiça. O médico deve responder de acordo com o artigo 215 do Código Penal Brasileiro.

* Os investigadores da 17ª DP apuram também a denúncia de outras três vítimas, sendo duas adolescentes, que acusam mais um profissional de saúde de abuso sexual. Um oftalmologista teria aproveitado as consultas para esbarrar propositadamente nos seios, nas pernas e nos ombros das pacientes. Os delitos teriam ocorrido no consultório do suspeito, na QND 28 de Taguatinga Norte. A Polícia Civil já ouviu as pacientes e pretende indiciar o profissional em breve.

* Durante a apuração, os agentes descobriram outra ocorrência que pesa contra o oftalmologista. Uma jovem de 21 anos também o acusa de abuso sexual, em janeiro. A mulher detalhou aos policiais civis que, ao realizar o exame, o profissional esbarrou nos seios dela por duas vezes, até que ela o afastasse. Pelos casos, a polícia deve interrogar o médico nos próximos dias e indiciá-lo em seguida.

* Também em apuração por investigadores de Taguatinga Norte está o caso de um ginecologista de 38 anos, suspeito de ter cometido o mesmo tipo de crime contra uma mulher de 44 anos. O caso teria ocorrido durante uma consulta. O profissional é servidor do Governo do Distrito Federal desde março de 2010.

* Os outros dois funcionários da saúde investigados teriam cometido os abusos sexuais no Gama e no Paranoá. No primeiro episódio, registrado em dezembro do ano passado, um ginecologista do Hospital Regional do Gama foi denunciado por uma estudante de Medicina de 24 anos. A jovem estaria fazendo estágio no hospital e acusa o profissional de ter acariciado os seios dela para ensinar o procedimento que deveria ser feito com pacientes.

* No Paranoá, cinco mulheres já estiveram na 6ª Delegacia de Polícia para denunciar um ginecologista do hospital regional da cidade. Segundo elas, o médico realizava os exames de forma estranha, fazia barulhos com a boca e demonstrava prazer ao tocá-las.

* Em algumas casos, a Polícia Civil já encaminhou documentos ao Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal.

Contraponto

O CRM-DF se limitou a informar que “dará o encaminhamento previsto em lei aos referidos casos, conforme determina o Código de Processo Ético Profissional”.

Depoimento

“Não sabia
o que fazer”

“Estava passando mal e fui à clínica. Perguntei ao médico se podia me atender, pois ele já me atendia há alguns anos. Nessa consulta, ele agiu diferente. Perguntava se estava tudo bem em meu relacionamento. Fui levando porque é o que todos perguntam, mas ele enfatizava muito.

Como eu estava com infecção na consulta anterior, ele pediu para fazer um exame ginecológico. Tirei a roupa e deitei na maca, como ele pediu. Falou que, se doesse, era para eu avisar. Perguntava se eu sentia desconforto ou algum caroço. Achei que estava normal. Até que ficou sério. Ele começou a perguntar se os toques me excitavam. Respondi que não.

Estava muito nervosa e não consegui ter reação. Ele colocou a mão nos meus seios e perguntou se aquilo me deixava excitada. Foi quando ele viu uma lágrima no meu olho e falou para eu me vestir. Eu estava desesperada. Ele sentou e falou: ´Você está com depressão, precisa de colo. Se eu não fosse casado, te daria esse colo´. Não sabia o que fazer quando saí de lá.

Decidi contar para a minha família alguns dias depois. Comecei a passar mal todos os dias. Não vou mais ao médico sozinha. É uma coisa que não esquecerei nunca.”
(Relato da jovem de 21 anos, que denunciou o clínico-geral por abuso sexual)

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