Eles facilitavam a troca de dados entre presos e pessoas fora dos
presídios.
Polícia investiga envolvimento de outros defensores na onda de
ataques.
Os advogados presos no sábado
(16), durante uma operação da Polícia Civil, atuavam como ‘pombos-correio’ da
facção criminosa que comanda a onda de ataques em Santa Catarina.
Dos 97 mandados de prisão expedidos,
cinco eram de advogados. Com os detidos, foram apreendidas cartas e chips com
trocas de mensagens e dados. O conteúdo destes arquivos ainda não foi divulgado
pela polícia.
Nesta terça-feira (19), quatro
advogados foram transferidos para o 8º Batalhão da Polícia Militar de
Joinville.
A Polícia Civil não garante, mas
levanta a possibilidade de outros defensores também estarem envolvidos na
facilitação de informações entre integrantes do grupo que comanda os ataques em
cidades catarinenses. Até esta quarta-feira (20), 111 casos foram confirmados
como atentados em 36 cidades. A segunda onda de violência começou dia 30 de
janeiro, cerca de três meses depois da primeira, que durou uma semana, em
novembro.
Para a polícia, estes
profissionais são uma peça principal para o fluxo de informações entre a cúpula
do comando e os demais integrantes. Estes mesmos advogados também representam
outros membros da facção, desde chefes do tráfico até pequenos vendedores de
drogas.
Um dos delegados que comanda as
investigações que resultaram nas prisões é Antônio Cláudio de Seixas Joca. Ele
é reticente ao comentar sobre o envolvimento dos advogados nos ataques, mas
afirma que eram peças importantes para o funcionamento do que a polícia chama de
'teia' de informações.
“Tem os líderes que estão presos.
Eles mandam as mensagens para fora através dos advogados ou familiares.
Determinadas pessoas de fora, que a gente conseguiu identificar, repassavam as
ordens para todos os lugares onde havia integrantes da facção, que aliciavam
menores para fazer os ataques.
Então, a gente conseguiu quebrar
lá em cima e estamos descendo”, avalia.
Conforme o delegado, grande parte
dos advogados presos defendia os líderes do comando. “A gente tem fortes
indícios que eles pegavam as informações fora e levavam para dentro”, explica.
Joca comenta que estes profissionais atuam há muito tempo defendendo
integrantes da facção criminosa.
“Não vou precisar, mas já há
bastante tempo. Então, na outra onda de ataques, eles já eram advogados que
representavam estes integrantes desta organização criminosa", comenta.
Joca afirma que pelo menos três
advogados detidos eram sócios do mesmo escritório, os outros atuavam em regiões
distintas. Apesar disso, eles se comunicavam e trocavam informações entre si
para repassar aos clientes.
“O advogado não pega a informação e leva para
outro advogado. Ele pega a informação e leva para outro integrante da
quadrilha. E é este integrante que pulveriza isso. Esta informação vai chegar
em outra pessoa, uma outra visita, ou um outro advogado que vai levar para um
outro integrante que está preso”, detalha o delegado.
A investigação da Polícia Civil
deve levar cerca de 60 dias para ser concluída. Até lá, os policiais acreditam
que terão provas suficientes para pedir o indiciamento dos advogados que já
foram detidos e daqueles que possam ter mandado de prisão expedido, conforme
avançarem os trabalhos. “A gente está investigando todas as possibilidades. A
gente não exclui nenhuma hipótese”, finaliza Joca quando questionado sobre
novas prisões.
Fonte: Site G1
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