O religioso disse que a Igreja reconhece que existem
mulheres em situações dramáticas - abandonadas pelo pai da criança, em situação
de miséria e outras dificuldades -, porém a entidade defende a criação de
políticas públicas que acolhem essas gestantes.
'Apoiar o aborto é um atalho, é tomar o caminho mais fácil.
Mas esse problema demanda um esforço maior [do Estado]. Deveriam criar
políticas públicas que ofereçam condições de acompanhamento da gravidez. Caso
contrário o risco é muito maior para a mãe e para a sociedade', sustenta dom
Petrini, que citou a adoção como um ponto a ser debatido.
O CFM anunciou que vai enviar à comissão do Senado que
analisa a reforma do Código Penal um documento em que defende o direito da
mulher de abortar até a 12ª semana de gestação. O conselho argumentou que
defende a autonomia da mulher de levar ou não uma gravidez adiante. A entidade
alega que o aborto é a quinta causa de mortalidade materna no Brasil, sobretudo
entre mulheres negras e pobres.
Segundo dom Petrini, a mulher tem direito à autonomia sobre
sua vida, mas não pode dispor da vida do filho, e que isso não é questão de fé.
'Ele não é um amontoado de células como a unha ou o cabelo que se pode cortar,
ele só está abrigado nela. Se preza a dignidade da mãe, mas esquecem da
dignidade do bebê. Não é questão de fé, é de avanço científico', disse.
Atualmente, a legislação brasileira permite o aborto quando
a gestação coloca em risco a vida da mãe e quando é resultado de violência
sexual. Além dessas situações, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou que
grávidas de fetos com anencefalia também podem interromper a gestação, mas a
decisão não configura alteração do Código Penal.
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Fonte: Site Agência Brasil
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