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domingo, março 3

CPI do Tráfico de Pessoas reclama de influência política em investigações no Acre

Entre 104 clientes da rede de prostituição, estão empresários, fazendeiros, políticos e integrantes do governo estadual.

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas no Brasil, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), reclamou que o tráfico de influências está dificultando as investigações da Operação Delivery, da Polícia Federal, no Acre.

Segundo informou, entre os 104 clientes do esquema identificados na investigação da Polícia Federal estão pessoas influentes do Acre. De acordo com Jordy, isso tem prejudicado as investigações: "O esquema é de uma gravidade muito grande porque envolve uma rede de aliciadores e uma rede de pessoas influentes que são clientes desses aliciadores - ou seja, que alimentam a frequência e a sustentação dessa rede de aliciadores, envolvendo, inclusive, deputados, vereadores, pessoas ligadas ao Judiciário, empresários de uma maneira geral - enfim, gente influente na sociedade.”

Jordy acrescenta que a investigação se tornou mais difícil porque o tráfico de influência protege essas pessoas de qualquer envolvimento, de qualquer caracterização de prática criminosa.

Depoimentos

O parlamentar considerou contraditórios os depoimentos, nesta quinta-feira (28), de dois presos pela Operação Delivery, da Polícia Federal.

A operação teve início em outubro do ano passado e investiga uma suposta rede de prostituição e exploração sexual de mulheres na capital do Acre, Rio Branco.

Francinei de Oliveira Contreira e Jardel Lima Nogueira estão detidos na penitenciária do Acre, acusados de integrar a rede. Eles foram ouvidos pelos deputados da CPI na Assembleia Legislativa do estado.

Arnaldo Jordy aponta as contradições dos acusados: "Pelo que a gente viu, eles são citados por várias vítimas, por várias pessoas e eles, simplesmente, alegam desconhecer qualquer uma das razões. Também não dizem por que estão sendo acusados. Enfim, são contradições flagrantes, na minha opinião, e com certeza ainda tem muita coisa para ser apurada."

Proteção dos direitos humanos

Os integrantes da CPI do Tráfico de Pessoas também ouviram, nesta quinta-feira, pessoas ligadas à proteção dos direitos humanos, delegados e promotores. Segundo Arnaldo Jordy, eles apresentaram uma série de denúncias de que essas redes são muito mais extensas do que já apareceu. “Em consequência disso, essa Operação Delivery apenas revelou um primeiro braço, digamos assim, das investigações. Ela ainda continua os trabalhos de investigações e, segundo as informações ainda que genéricas dos promotores e do Poder Judiciário, ainda vai produzir muitos resultados, porque, com certeza, outras pessoas serão denunciadas."

A CPI foi ao Acre para acompanhar de perto os fatos revelados pela Operação Delivery, da Polícia Federal, iniciada em outubro de 2012 para investigar uma suposta rede de prostituição e exploração sexual de mulheres na capital Rio Branco.

A rede de prostituição, além de contar com sete aliciadores identificados e denunciados, tinha como integrantes, na condição de garotas de programa, pelo menos 25 adolescentes menores de 18 anos e mais de 100 mulheres maiores de idade. A ação penal contra todos os envolvidos tramita em segredo de justiça.

Em funcionamento desde maio do ano passado, a CPI do Tráfico de Pessoas tem mais quatro meses, prorrogáveis, para apresentar o relatório final.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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