Bola é condenado a 22 anos de prisão pela morte de Eliza
Samudio
Ele foi condenado pela morte da
jovem e pela ocultação do cadáver.
O advogado Ércio Quaresma
adiantou que vai pedir a nulidade do júri.
O réu Marcos Aparecido dos
Santos, o Bola, foi condenado a 22 anos de prisão pela morte de Eliza Samudio e
pela ocultação do cadáver da ex-amante do goleiro Bruno. A pena determina 19
anos de prisão em regime fechado pelo homicídio e mais três anos de prisão em
regime aberto pela ocultação do cadáver.
A sentença foi lida pela juíza Marixa
Fabiane Rodrigues Lopes, que presidiu o júri, na noite deste sábado. O júri
popular, formado por sete moradores de Contagem, onde foi realizado o
julgamento, decidiu pela condenação depois de seis dias.
Este foi o julgamento mais longo
do caso Eliza Samudio. O goleiro Bruno Fernandes, o amigo dele, Luiz Henrique
Romão - o Macarrão -, e a ex-namorada do atleta Fernanda Castro já foram
condenados no caso. O advogado de Bola, Ércio Quaresma, adiantou ao G1 que vai
entrar com um recurso pedindo que o júri seja anulado.
O réu Marcos Aparecido dos
Santos, o Bola, acusado de matar Eliza Samudio e de ocultar o corpo dela, disse
durante seu interrogatório que "jamais" mataria algúem, muito menos
receberia por isso. A declaração foi dada na manhã deste sábado (27). Bola
respondeu às perguntas da juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes, do promotor
Henry Wagner e do advogado Ércio Quaresma.
O depoimento do réu começou no
início da madrugada deste sábado (27) e foi interrompido à 1h30. Ele negou,
nesta primeira parte, que tenha matado Eliza Samudio, e disse que está preso
injustamente há três anos.
'Queria a absolvição'
O advogado Ércio Quaresma, que
liderou a equipe de defesa de Marcos Aparecido dos Santos, disse que já
apresentou um recurso pedindo a nulidade do júri que condenou o ex-policial a
22 anos de prisão. O documento foi entregue à juíza Marixa Fabiane Lopes após a
leitura da sentença, ainda no plenário, no fim da noite deste sábado (27). O
advogado disse que "satisfação não há. Ele queria a absolvição", se
referindo ao sentimento do cliente diante do resultado do julgamento.
Cadê o corpo?
A advogada Maria Lúcia Borges,
que representa a mãe de Eliza Samudio - Sônia de Fátima Moura - disse, na noite
deste sábado (27), que a cliente esperava que Marcos Aparecido dos Santos - o
Bola - revelasse onde está o corpo da ex-amante do goleiro Bruno Fernandes,
durante o julgamento ocorrido no Fórum de Contagem (MG). "Ela tinha
expectativa, mas eu já havia preparado ela que dificilmente isso seria aberto hoje
neste julgamento", afirmou.
'Dever cumprido'
O promotor Henry Wagner
Vasconcelos de Castro disse que está com a "sensação de dever cumprido
mais uma vez", após a condenação do ex-policial Marcos Aparecido dos
Santos - o Bola -, pela morte de Eliza Samudio e pela ocultação do cadáver da
jovem. A sentença foi dada pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes no fim da
noite deste sábado (27). Bola foi condenado a 22 anos de prisão, sendo 19 em
regime fechado.
Debates
Os debates entre a Promotoria e a
defesa foram marcados por ofensas durante o julgamento. Os desentendimentos
foram entre o promotor de Justiça Henry Wagner Vasconcelos de Castro e os
advogados Ércio Quaresma e Fernando Magalhães.
“Eu nunca vi drogado ser herói.
Eu nunca vi mentiroso crápula ser herói", disparou o promotor. E
completou: “Covarde, canalha, estúpido e vagabundo. Quem não é homem é você,
seu crápula".
As discussões partiram até mesmo
para o âmbito pessoal: "A sua vozinha de taquara rachada saiu no
'Fantástico'", falou o promotor para Quaresma. Ele se referiu à reportagem
que mostrou ameaça sofrida por Ingrid Oliveira, atual mulher de Bruno. Na
ocasião, Ingrid denunciou que sofria ameaças de Quaresma. "Prostituta
escalarte é a sua defesa, e a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] é coisa
porque não tomou providência para te cassar", falou a Quaresma.
O advogado também retrucava.
"Esse moço [Henry Wagner] tinha que lavar a boca antes falar o nome da
nossa instituição [OAB]", afirmou, referindo-se ao promotor, que
classifica como "alienígena" pelo fato de ser de outro estado. O
promotor é natural do Rio Grande do Norte.
“Eu provei que ele [o promotor] é
canalha", disse o advogado. Quaresma também fez referência à história de
Harry Potter. O advogado, por vezes, já se referiu ao promotor como o
personagem da literatura infanto-juvenil britânica.
Extorsão
Bola comentou também, em seu
interrogatório, que ouviu do então delegado Edson Morreira, no momento de sua
prisão, o pedido de intermediar que Bruno pagasse R$ 2 milhões para que o
goleiro e o ex-policial fossem inocentados no inquérito. À época da denúncia
desta tentativa de extorsão, em novembro de 2010, nem a Polícia Civil nem o
próprio delegado comentaram a acusação.
Amigos
Bola foi questionado pela juíza
sobre as relações com o policial Gilson Costa e o policial aposentado José
Laureano, o Zezé. O réu afirmou que conhecia Costa há 22 anos, e Zezé há cerca
de três ou quatro anos. Ambos são investigados por participação no caso após um
pedido do Ministério Público.
Sobre os advogados, Bola afirmou
conhecer Ércio Quaresma há 20 anos e Fernando Magalhães há cinco. Sobre Zanone
Oliveira, que também o defendeu, o réu falou que o conhecia há cinco anos.
'Animosidade'
Marcos Aparecido reclamou do tratamento que recebeu dos delegados do caso. E falou especificamente da sua
relação com Edson Moreira, ex-delegado e hoje vereador na capital mineira. Ele
disse que conheceu tem uma "animosidade" com Edson Moreira desde
1991, quando o ex-delegado foi professor do réu na academia de polícia, em
Minas. Durante várias vezes eles se desentenderam, afirmou o réu.
José Arteiro é destituído
Ao fim da sessão, a juíza leu uma
petição enviada por Sônia de Fátima Moura. No documento, a mãe de Eliza Samudio
destituiu José Arteiro como seu procurador. Sônia continua a ser representada por Maria Lúcia
Borges.
Ao deixar o fórum, Arteiro cobrou
seus honorários. “Eu não trabalho de graça, eu quero meu dinheiro”. Perguntado
sobre a exibição do vídeo dele criticando o promotor Henry Wagner. Ele falou:
“critico qualquer um que errar”. Ao ser questionado sobre o possível erro do
promotor, Aerteiro apontou a não denúncia do pocial aposentado Zezé por parte
do MP.
Fonte: Site G1
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