"Quando, através da compaixão, cheguei a reconhecer nos piores dos encarcerados um homem como eu; quando se diluiu aquela fumaça que me fazia crer ser melhor do que ele; quando senti pesar nos meus ombros a responsabilidade do seu delito; quando, anos faz, em uma meditação na sexta feira santa, diante da cruz, senti gritar dentro de mim: "Judas é teu irmão", então compreendi não somente que os homens não se podem dividir em bons e maus, tampouco em livres e encarcerados, porque há fora do cárcere prisioneiros mais prisioneiros do que os que estão dentro e há, dentro do cárcere, mais libertos, assim da prisão, dos que estão fora. Encarcerados somos todos, mais ou menos, entre os muros do nosso egoísmo; talvez para se evadir, não há ajuda mais eficaz do que aquela que possam nos oferecer esses pobres que estão materialmente fechados entre os muros da penitenciária. Ainda uma vez tem razão o padre Charles: "quem pensa em dizer obrigado, ao invés que ao rico, quando dá a esmola ao pobre quando pede"? Não teria nunca acreditado, quando, ainda menino, comecei a frequentar o processo penal, de receber tanto bem".
{Francesco Carnelutti - As Misérias do Processo Penal}
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