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segunda-feira, abril 18

Governo volta a investir em bloqueadores de celular na Pasc após teste frustrado em 2009



Preso conhecido como Maradona comandava crimes de dentro da penitenciária, pelo telefone.



A ação do traficante Paulo Márcio Duarte da Silva, 32 anos, conhecido como Maradona, que comandava inúmeros crimes de dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), trouxe mais uma vez à tona a necessidade de endurecer o controle sobre o uso de celulares pelos presos. Era pelo telefone que Maradona mandava assassinar desafetos, organizava negócios para lavar dinheiro do tráfico, e até planejava a candidatura política da mulher como vereadora em Novo Hamburgo.

Após transferência do traficante para a Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) e a divulgação das conversas travadas a partir da prisão com comparsas, o superintendente da Susepe, Gelson Treiesleben, informou que o governo vai testar, a partir desta semana, um sistema de bloqueio do sinal dos celulares na Pasc. Os testes ocorrem dois anos depois de uma tentativa frustrada de instalar um sistema semelhante, em 2009.

Naquele ano, o governo gaúcho fechou parceria com uma empresa chinesa, sem custos para o Estado. O sistema, no entanto, acabou não sendo implementado.

Após 10 meses de teste, a ideia foi descartada pois o equipamento foi considerado ineficiente. A justificativa do superintendente da Susepe à época, Mario Santa Maria Júnior, foi a dificuldade em limitar o bloqueio à área das prisões e a frequente evolução da tecnologia dos celulares (que exige a atualização dos bloqueadores a cada dois anos).

Agora, segundo a Susepe, o novo sistema a ser testado — que contaria com tecnologia gaúcha — promete mais eficiência, pois permite o bloqueio do sinal em um raio de apenas 40 metros. Anteriormente, o bloqueio acabava atingido, inclusive, residências vizinhas às penitenciárias.

Para o juiz da Vara de Execuções Penais, Sidinei Brzuska, a instalação de bloqueadores de celular é uma medida pouco eficaz.

— Já perdi a conta de quantas vezes tentaram testar o bloqueador. Essa é apenas mais uma medida entre dez, vinte que têm de ser tomadas para mudar a situação da Pasc. Entre elas, a mudança completa na gestão da penitenciária — afirma Brzuska.

A ideia dos bloqueadores de sinal nas cadeias surgiu em São Paulo no início de 2001, quando o grupo criminoso Primeiro Comando da Capital ( PCC) conflagrou 17 presídios com rebeliões, fazendo centenas de reféns. Em 2002, o equipamento chegou a ser instalado em oito casas prisionais. Entretanto, o governo paulista desistiu do projeto porque ficou obsoleto, e preferiu investir em aparelhos de raio X e e detectores de metais para evitar a entrada dos celulares nas cadeias.

Um dos grandes desafios relacionados às novas tecnologias é impedir que presos utilizem a banda larga 3G dentro das cadeias. Maradona, por exemplo, conseguia driblar escutas telefônicas a partir do uso de aparelhos de nova geração, que permitem acesso à internet - ele tinha pelo menos oito dentro da cadeia.
Fonte: Site Zero Hora

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