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terça-feira, janeiro 24

Meninos Condenados: no meio do caminho, a violência

Zero Hora publica, nesta terça-feira, em continuação, a matéria produzida pelos jornalistas, Adriana Irion e Jose Luis Costa, sobre os meninos internados na antiga Febem.Dos 162 jovens cuja história está sendo contada nesta série de reportagens, 19 passaram por adversidades, mas seguem tentando recompor suas vidas.


Dos  162 adolescentes que estiveram juntos na Comunidade Socioeducativa (CSE) há uma década, 19 voltaram a ter algum tipo de sobressalto – respondendo a investigações policiais ou a processos –, mas sem desdobramentos que resultassem em condenações. Neste grupo, estão contemplados desde casos de jovens que tiveram de dar explicações à polícia por causa de uma briga com o vizinho até situações em que o ex-interno se tornou suspeito de crimes, como furto ou homicídio, e ainda pode ter o nome inscrito pela Justiça no rol de culpados.


Dos 162 ex-internos da antiga Febem, retratados nesta série:19 buscam uma vida normal;13 deles tiveram ocorrência policial ou responderam a inquérito; 6 outros são
réus na Justiça.

Surgem nesse cenário de caminhada para longe do crime histórias como a de Moisés Dornelles, que praticou assaltos e foi traficante quando era adolescente. Mas decidiu mudar e, hoje, com 27 anos, é empreiteiro. Casado, comprou carro e casa própria. No final do ano passado, por causa de um desentendimento, respondeu a termo circunstanciado – uma espécie de inquérito policial simplificado – originado de um desentendimento familiar. O caso deve ser resolvido em audiência de conciliação.

Também há o périplo de Juvenal Neckel, que, depois de sair da fundação, tornou-se suspeito de  homicídio. Ele sustentou que não estava na cidade quando o crime ocorreu e foi absolvido por falta de provas que o incriminassem.

E a curiosa história de Cleber Chimifoski Paz, que de assaltante se tornou vigilante de valores e hoje trabalha como operador de empilhadeira. Os nomes desses 19 jovens saíram de uma lista em que a maioria teve a violência como caminho natural. Dos 162 exinternos, 48 morreram, sendo que 36 foram assassinados por desafetos ou tombaram em confronto com a polícia.

Passaram por prisões sob suspeita de delitos 135 deles e, em dezembro, 55 seguiam recolhidos no sistema prisional. A Justiça sentenciou 114 deles, que, juntos, tiveram penas que ultrapassam 1,5 mil anos de prisão.

Mas qual seria a fórmula para a recuperação que atinge só alguns?

Débora Perin, que foi monitora e costuma repetir que “ninguém chega à Fase com história bonita”, aposta no respeito como receita.

– Sei que a gente consegue plantar uma semente positiva nos guris. Ele não é respeitado na comunidade, é excluído da escola, do Centro, do shopping, a polícia o espanca. Dentro da Fase ele é respeitado, talvez para um dia lá fora ele saber respeitar. Mas se a gente vai conseguir transformar a vida deles, é uma incógnita – analisa a hoje coordenadora jurídica da fundação.

Fonte: Zero Hora

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