Existem pessoas que nascem predestinadas ao crime? E esses indivíduos, trariam eles estigmas denunciadores dessa condição, de forma a nos permitir descobri-los entre as pessoas ditas honestas? Existe o criminoso nato? Pode-se reconhecê-lo mesmo antes que pratique seus crimes?
Se estas perguntas soam hoje como absurdas, ao menos nos meios reputados como os mais cultos, houve um tempo que se pretendeu que a própria ciência como tal lhes dava uma resposta afirmativa, e tanto se sustentou que havia, sim, criminosos natos, como que eles trariam em si próprios, em sua organização física e psíquica, a marca dessa condição que viria expressa em estigmas denunciadores, tais como: uma fronte fugidia, notável protuberância do occipital, as maçãs do rosto salientes com marcante prognatismo inferior, o nariz marcado por assimetrias, os braços longos, as mãos grandes, às vezes com mais de cinco dedos, e as orelhas mal formadas, freqüentemente em abano.
Teriam os lábios grossos, os dentes irregulares, às vezes seriam estrábicos, além de pouco sensíveis à dor. Brutais, cínicos, vaidosos, cruéis, impulsivos e preguiçosos, exibidos, pretensiosos, covardes, destituídos de senso moral, constituiriam, enfim, uma fração à parte de indesejáveis no seio social, fração que era preciso sanear, pensavam alguns.
Científica ou não, seja como for, eis aí uma descrição que ainda hoje impregna o imaginário popular...
(O Homem Delinqüente – Notas sobre Cesar Lombroso e sua Obra. Maristela Bleggi Tomasini: In: http://www.scribd.com/doc/14135564/O-Homem-Delinquente).
Um comentário:
Pode-se dizer que hoje o homem delinquente são pessoas mal trajadas, tatuagens pelo corpo, brinco na orelha. Não temos hoje o retrato do homem delinquente advindo somente da genética. Mas, o Estado, em especial as polícias e parte da sociedade, possuem um retrógrado preconceito contra pessoas excluídas ou que optam por seguir um estilo de vida diferente. Segregado e vítima de preconceito este é o retrato do atual "homem delinquente"
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