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segunda-feira, janeiro 16

Por videoconferência, participação de Nem dura 8 minutos em audiência


Nem responde por tráfico no RJ e exerceu direito de se manter em silêncio.
Capturado no Rio em novembro, ele está em prisão do Mato Grosso do Sul.



A participação do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, na audiência por videoconferência, realizada na noite desta segunda-feira (16), no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). no Centro do Rio, durou apenas oito minutos. O acusado, que está preso no Presídio Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, exerceu o seu direito de se manter em silêncio.

Após mais de três horas de espera, a audiência, presidida pela juíza Neares dos Santos, da 38ª Vara Criminal, foi reiniciada por volta das 17h50 com a leitura da denúncia.

Prevista para as 13h, a sessão havia sido interrompida por volta das 14h20 em virtude de um problema técnico na captação de sinal no presídio federal. A juíza chegou anunciar que o adiamento da audiência, no entanto, minutos depois, a assessoria do TJ-RJ confirmou que o problema técnico tinha sido resolvido e que a sessão seria realizada normalmente.

Durante a leitura da denúncia, a juíza citou os nomes dos outros 40 indiciados no processo. Acompanhado de um defensor público, Nem disse desconhecer os acusados e negou as acusações: “Esse fatos não são verdadeiros, já fui julgado, tenho 11 processos no mesmo período de tempo e não vou falar mais nada. Eu fui orientado pela minha defesa”, disse o traficante.

Nem responde por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Além dele, outros três acusados são réus no mesmo processo. Um deles também preferiu se manter em silêncio na audiência desta segunda. Ele cumpre pena no presídio Evaristo de Moraes, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. Os outros dois, apontados como seguranças de Nem, continuam foragidos.

Policiais civis ouvidos

Para a audiência desta segunda-feira, a defesa solicitou a presença de quatro testemunhas. De acordo com o TJ-RJ, a delegada Bárbara Lomba, ex-titular da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), e os investigadores da Polícia Civil Alexandre Stelita dos Santos e Reinaldo Render Leal já tinham sido ouvidos no início do processo. Já a inspetora Mônica Alves Dias foi ouvida pela primeira vez pela Justiça.

A primeira testemunha a falar foi a delegada Bárbara Lomba. Ela respondeu a perguntas da promotoria do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e dos advogados de defesa dos réus. Em depoimento, a delegada, que participou do relatório do inquérito, lembrou escutas telefônicas nas quais o traficante aparecia como quem tinha autoridade de decisão no tráfico da Favela da Rocinha.

“As pessoas se referiam a Nem por vários apelidos, como ‘mestre’ e ‘jogador de vôlei’, e atribuíam a ele uma certa autoridade na favela, e que era a pessoa que tomava as decisões na quadrilha”, disse a delegada, que ratificou o primeiro depoimento dado na fase inicial do processo.

O também investigador de Polícia Civil Alexandre Stelita dos Santos também ratificou o seu primeiro depoimento e disse que Nem aparecia nas investigações como uma espécie de ”líder nato” na comunidade. “Ele era a pessoa que tratava de todos os assuntos. Em relação ao tráfico ele certamente empunhava o papel de comandante”, disse ele.

A quarta testemunha a depor foi a inspetora Mônica Alves Dias, que trabalhava na escuta da Polícia Civil. Esta foi a primeira vez que ela foi ouvida pela Justiça. Em depoimento, Mônica disse que desconhecia o teor das gravações telefônicas realizadas na comunidade. Ela disse, ainda, que não atuou na investigação do caso.

“Meu trabalho era técnico e fazia a coisa funcionar. Eu trabalhava com a escuta, mas não cuidava da investigação. Quem escolhe ou não os áudios é o policial responsável, e não era eu. Na época dessa investigação eu tentava administrar a parte técnica. O que eu não posso fazer é dizer cada coisa que cada um fazia, eu poderia cometer erros”, disse a inspetora.

Nova audiência em fevereiro

Já passava das 19h20 quando a juíza ouviu as duas últimas testemunhas do processo. Eles foram ouvidos por solicitação da defesa do outro acusado. Ambos disseram desconhecer o envolvimento do réu com o tráfico de drogas na Rocinha, e afirmaram apenas que o conheciam como produtor musical e guardador de carros.

Ao final, com o pedido da defesa de susbtituição de três testemunhas, foi marcada uma nova audiência para o dia 6 de fevereiro, às 13h, na qual a participação de Nem por videoconferência também é esperada, de acordo com o TJ-RJ.

A audiência realizada nesta segunda-feira (16) estava marcada para o dia 16 de dezembro, mas foi adiada na época por causa da  ausência do defensor público do Mato Grosso do Sul.

No dia 19 de novembro, Nem foi transferido do presídio de Bangu I, na Zona Oeste do Rio, para a unidade prisional em Campo Grande, com outros três traficantes: Flávio Melo dos Santos, Carré e Coelho.

Infraestrutura

O Presídio Federal de Campo Grande tem 208 celas individuais, com 7 metros quadrados cada. São quatro setores e diversas alas que abrigam, no máximo, 13 presos. A operação de grades e portões é automatizada, e câmeras de monitoramento vigiam os presos 24 horas por dia. No teto de cada cela, há uma claraboia blindada por onde entra luz natural.

Pela unidade de Mato Grosso do Sul já passaram criminosos como os traficantes Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e o colombiano Juan Carlos Ramirez-Abadía. Atualmente, há 119 detidos na penitenciária de segurança máxima, entre eles o traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, e João Arcanjo Ribeiro, o Comendador.

Porta-malas

Nem foi preso na madrugada do dia 10 de novembro, na Lagoa, Zona Sul da cidade, quando tentava fugir da Rocinha escondido no porta-malas de um carro Toyota Corolla preto. O veículo em que estava foi abordado por policiais do Batalhão de Choque que faziam uma blitz em um dos acessos à favela.

No dia 9, Carré, Coelho e outros suspeitos foram presos durante uma ação da Polícia Federal na Zona Sul. Entre os presos estavam três civis e dois ex-PMs, que escoltavam o bando que tentava fugir da Rocinha.

Três dias após a prisão de Nem, policiais militares, civis e federais, com o apoio de fuzileiros navais, ocuparam as favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu. A região receberá a 19ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da cidade.

Fonte: Site G1

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