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domingo, abril 17

Terrorismo no RS: apurada a ligação de comerciante preso em Dom Pedrito.

Detido por estelionato, comerciante pertenceria ao grupo HezbollahNem mesmo as pessoas mais íntimas sabiam que o comerciante Haytham Abdul Rahman Khalaf, 38 anos, tinha um lado secreto na sua vida. Estabelecido há cinco anos em Dom Pedrito, na fronteira com o Uruguai, onde é conhecido pelo nome de Alexandre, ele e o seu cunhado Moacir Godoy, 32 anos, foram presos suspeitos de aplicar um golpe de R$ 100 mil em uma rede de lojas. Os dois estão presos no Presídio Estadual de Dom Pedrito.

Paralelamente, o caso está sendo investigado pelo delegado Augusto Cavalheiro Neto, da 1ª Delegacia da Polícia Civil de Cachoeirinha.

A história começa em 2005, quando Khalaf desembarcou na estação rodoviária de Dom Pedrito. Logo conseguiu um emprego de balconista na loja de um palestino chamado Omar. Em 2008, os dois brigaram, e Khalaf comprou um pequeno comércio. Prosperou e logo a seguir adquiriu outras lojas. Envolveu-se com a filha de uma família de fazendeiros da região. O casal não vive junto, mas tem uma filha.

No início do ano passado, segundo a polícia, ele descobriu um problema técnico no sistema de cartão de crédito de uma rede de lojas e iniciou uma bem-sucedida carreira que o transformou em suspeito de estelionato. Seis meses depois, Khalaf teria aplicado um golpe em Cachoeirinha e entrou na mira do delegado Neto. Os policiais montaram uma operação batizada de Sentinela, que culminou com a prisão da dupla e na apreensão de seis computadores, que ainda não foram periciados.

Foi durante a investigação que o delegado descobriu que Khalaf responde a dois inquéritos na Polícia Federal (PF), por contrabando e estelionato, em Naviraí (MS) e Foz do Iguaçu (PR), na tríplice fronteira Brasil, Argentina e Paraguai. E que, em 2004, ele foi citado durante uma investigação da PF de contrabando de minério radioativo no Amapá. E que teria ligações com o movimento extremista Hamas, que atua nos Territórios Palestinos.

– Durante o interrogatório, ele negou que tenha ligações com o Hamas. Disse apenas que é simpatizante da luta – comenta Neto.

Informações em computadores serão examinadas pela Polícia

Khalaf falou a verdade para o delegado Neto. Ele não tem vínculo com o Hamas. Nos arquivos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Departamento de Inteligência Policial (DIP) da PF, consta que ele era ligado ao Hezbollah, movimento extremista libanês. Ele nasceu no Kuwait e migrou para o Líbano em 1995. Segundo os relatos dos setores de inteligência, no Líbano, foi recrutado pelo movimento para ser guerrilheiro. Durante o treinamento, revelou-se um expert na informática e foi enviado para Ciudad del Este, no Paraguai, para arrecadar fundos. Foi assim que ele parou na rodoviária de Dom Pedrito.

As informações contidas nos seis computadores apreendidos pelo delegado podem ajudar os serviços de inteligência a preencher várias lacunas na rede de arrecadação de fundo ilegais supostamente operada por Khalaf.
Fonte: Jornal Zero Hora

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Contraponto: Em entrevista a Zero Hora, comerciante preso nega pertencer ao movimento, mas apóia a causa.


Com autorização da Justiça, com o consentimento do advogado Jesus Melleu da Fontoura, na sexta-feira, Zero Hora visitou Haytham Abdul Rahman Khalaf, o Alexandre, no Presídio Estadual de Dom Pedrito, onde está preso provisoriamente pelo crime de estelionato. A conversa foi a respeito das supostas ligações dele com grupo extremista:


Zero Hora – Em 2004, o seu nome apareceu na investigação sobre o contrabando de minérios radioativos no Amapá. É correto?

Haytham Abdul Rahman Khalaf – Sim, o meu nome saiu na imprensa. Incrivelmente com todas as letras certas. Nunca estive no Amapá, não estou envolvido no contrabando e não sei como o meu nome foi parar lá. Inclusive, pensei em processar a revista que publicou a matéria, mas desisti.

ZH – Na ocasião, foi dito que o senhor é ligado ao Hamas?

Khalaf – Como é do seu conhecimento, eu sou libanês. E no Líbano atua o Hezbollah. O Hamas atua na Palestina. Muito embora sejam diferentes, os dois movimentos têm um inimigo comum: os judeus.

ZH – A sua ligação é com qual deles?

Khalaf – Não pertenço aos quadros deles, mas apoio a causa. E sempre que fazem manifestações, eu participo. E, se um dia, eu tiver a honra de ser convidado a fazer parte, eu aceito imediatamente.

ZH – Órgãos de inteligência têm informações sobre ligações suas com o Hezbollah, em que a sua função seria a de arrecadar dinheiro?


Khalaf – Não respondo a nenhum processo sobre ligações minhas com Hamas ou Hezbollah. A não ser que a Polícia Federal tenha alguma coisa secreta contra mim. Eles não têm nenhuma prova que me ligue à arrecadação para o Hezbollah. Pode olhar o meu extrato.

ZH – Se o senhor não pertence aos quadros de organizações extremistas, a que atribui o aparecimento do seu nome supostamente ligado a terroristas?

Khalaf – Não sei. Talvez porque seja um apoiador das causas pelas quais lutam o Hamas e o Hezbollah.

ZH – Qual é a sua função em Dom Pedrito?

Khalaf – Sou dono de lojinhas. Tenho uma filha de três anos e vivo uma vida comum como qualquer cidadão. Não estou envolvido em qualquer outra atividade.

ZH – Qual o impacto que está tendo na sua vida a divulgação da sua suposta ligação com grupos extremistas?

Khalaf – Não sei se vou conseguir viver em Dom Pedrito depois disso. Imagina quem vai entrar na loja e comprar de um terrorista? A minha família foi atingida: agora é a filha do terrorista, a mulher do terrorista. As pessoas comentam que cheguei aqui pobre e agora tenho cinco lojas porque sou terrorista. Imagina, eu viajando para São Paulo para comprar mercadoria e no avião alguém me reconhecer.

ZH – Mas as suas lojas continuam funcionando?

Khalaf – Sim. Mas vou fazer um balanço das lojas. Se o movimento cair mais de 40%, vou fechar tudo e voltar para minha terra. Estou preso por estelionato. E ninguém fala disso. Só querem saber das tais ligações com terrorismo. Carimbaram o meu passaporte como terrorista.

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