Em 13 de abril, o hospital se recusou a realizar o aborto na
paciente sob a justificativa de que a decisão do STF sobre o tema - que saiu no
dia 12, depois de dois dias de julgamento e oito anos de discussões - ainda não
havia sido publicada no Diário Oficial da União e, portanto, não estaria em
vigor.
Diante disso, F. ficou sem alternativa e teve de recorrer à
Justiça para pedir autorização para fazer o aborto legalmente, conforme revelou
o Estado na semana passada.
O caso chegou na sexta-feira à 3.ª Vara do Tribunal do Júri
da Capital e ontem à tarde o juiz Pedro Odilon de Alencar deferiu o pedido da
gestante, autorizando a realização do aborto.
Resposta. Segundo o médico Olímpio Barbosa de Moraes Filho,
que acompanha a gestante, o ministro Marco Aurélio soube do caso de F. por meio
de um e-mail do médico Thomaz Gollop, que citava o caso da paciente e
perguntava sobre a validade da decisão do Supremo antes da publicação no Diário
Oficial.
O ministro respondeu rapidamente e o e-mail foi encaminhado
para Moraes. O departamento jurídico do hospital e representantes da OAB de
Pernambuco avaliaram a resposta e entenderam que o hospital não cometeria
irregularidade em internar a paciente para fazer o aborto antes de o juiz se
manifestar.
'Pela resposta do e-mail, o jurídico entendeu que o Supremo
julgou uma ação e que a decisão é de notório conhecimento público, se tornou
vinculante e, por isso, o hospital não teria motivos para prorrogar o
sofrimento dessa mãe', afirmou o médico.
Moraes disse que assim que chegou a resposta do ministro,
ainda no domingo à noite, ele ligou para a paciente com a notícia. 'Avisei que
o hospital faria o procedimento e ela poderia ser internada hoje (ontem) de
manhã', afirmou.
F. deu entrada ontem pela manhã no hospital - que é
referência em casos de aborto legal - e já recebeu a medicação necessária para
a realização do abortamento. A mulher poderá ir para casa no dia seguinte ao
procedimento.
Parte da ata da decisão do STF foi publicada no Diário
Oficial na semana passada. A decisão final deverá ser publicada ainda nesta
semana.
Fonte: O Estadão
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