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Regra em DPs da Capital, segundo
um estudo do MP, é apurar delitos com "autoria conhecida" ou de
"repercussão na imprensa"
Zero Hora publica nesta segunda-feira, 23, notícia sobre o
conteúdo do relatório de Controle Externo da Atividade Policial, relativo ao
ano de 2010, encaminhado à cúpula da
Segurança Pública do Estado do RS.
Jornal Zero Hora teve acesso com exclusividade ao documento
que destaca o fato de os crimes - que não têm autoria conhecida, ou não
repercutam na mídia – ficarem estagnados nas dependências dos órgãos policiais,
local onde não há um serviço de investigação efetivo.
A fragilidade das investigações policiais é assunto
recorrente. Em 2008, em uma série de reportagens, Zero Hora mostrou que apenas
16% dos inquéritos geravam denúncia. O restante (84%) era devolvido para
investigações ou pedido o arquivamento. Pois o documento de 81 páginas, síntese
das visitas de promotores às delegacias, sinaliza que quatro anos depois o
problema permanece sem solução.
Segundo o relatório a que teve acesso o Jornal Zero Hora, dos
2.366 crimes registrados entre janeiro e outubro de 2010 na 7ª Delegacia da
Polícia Civil, zona sul da Capital, 1.521 (64,2%) sequer foram investigados.
Entre eles, há crimes graves como assaltos a residências, roubos de veículos,
ataques ao comércio, cujos autores provavelmente permanecem impunes.
Proprietário de um Centro de Formação de Condutores, um
empresário de 51 anos é uma das vítimas que procurou a 7ª DP. No final de
janeiro, às vésperas do feriado de Nossa Senhora dos Navegantes, o homem foi
rendido quando chegava a casa, no bairro Ponta Grossa. Os criminosos invadiram
o imóvel de três pisos, vasculharam todos os 12 cômodos, acordaram a mulher da
vítima, uma comerciante de 44 anos, aterrorizaram os três filhos do casal –
dois adolescentes com 11 e 15 anos e um jovem de 19 anos.
Fugiram levando R$ 1,3 mil em dinheiro, documentos, cartões
de crédito, três celulares e um Ka da família — além de um Golf vermelho,
conduzido por um terceiro comparsa.
O documento também aponta que com o efetivo disponível é pouco provável que algo fosse investigado na
7ª DP.
No dia 9 de março, data em que promotores realizaram uma das
visitas à repartição, havia sete servidores trabalhando, distribuídos da
seguinte forma: "...dois no cartório, três no plantão, um em outros
setores e um na investigação".
Três dias após a residência ser devassada, o empresário
soube que, no mesmo bairro, criminosos, também a bordo de um Golf vermelho,
assaltaram uma padaria.
Para o Ministério Público do RS não há método para decidir o que deve ser
investigado: "...deixou-se de formalizar e instaurar inquéritos policiais
que passaram a atender não o princípio da obrigatoriedade, mas o princípio da
conveniência, ligado ao entendimento pessoal de cada delegado de polícia no que
respeita à viabilidade investigatória e relevância".
Leia a matéria completa em Zero Hora
Fonte: Jornal Zero Hora
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