Foto: PABLO GOMES / Agencia RBS |
Duas pessoas presas neste sábado em Lages (SC) poderão
esclarecer o roubo ao Fórum de São José do Ouro, no norte do Estado, de onde
foram levadas 60 armas de pequeno porte e grande quantidade de munição. Segundo
a polícia, o casal que viajava com uma criança tinha em seu poder as armas
roubadas. O assalto aconteceu na madrugada de sexta-feira.
Grupo que levou 50 armas de fórum é suspeito de outros
arrombamentos
Mais de 50 armas são levadas de fórum em São José do Ouro
Um homem que vinha sendo monitorado pela polícia
comunitária, um departamento da Polícia Militar de Santa Catarina, por
denúncias anônimas de tráfico de drogas, foi preso na rua, junto com o filho de
14 anos. Dentro da mochila do adolescente os policiais encontraram seis armas
com calibre 22 e 38. Com a prisão em flagrante do homem, a polícia revistou
também a casa dele, onde foi encontrada grande quantidade de armas.
— Havia armas de todos os calibres e em todos os cômodos.
Sobre o fogão, geladeira, camas, nunca havíamos apreendido tantas armas —
comentou a comandante do policiamento Sandra Bender.
No local foram apreendidas 17 armas longas, espingardas
calibre 22, 16 e 18 e outras 22 armas curtas entre revólveres e pistolas, além
de 100 munições de vários calibres, dois coletes à prova de balas, e quatro
rádios comunicadores que copiavam a frequência da polícia. Também havia grande
quantidade de pólvora no local, usada para a confecção de munição artesanal.
Mas os policiais comunitários se surpreenderam ao encontrar
com as armas inúmeros envelopes e etiquetas com o timbre do judiciário gaúcho.
O material ostentava o número das ações e inquéritos penais do Fórum de São
José do Ouro, no norte do RS, o que levou a polícia a ligar de imediato os dois
crimes. Na casa em que moravam, no bairro Cristal, os policiais também
encontraram correntes usadas em crime de abigeato.
Foram presos e levados ao Presídio Regional de Lages Agnaldo
Antônio Mattias e a mulher dele Maria Salete Maciel da Silva, por porte ilegal
de armas. Maria também carregava na bolsa um revólver. O adolescente foi
apreendido e entregue ao Conselho Tutelar. Ele será levado ao Centro de
Internação Provisória.
Em depoimento à polícia da cidade, o homem alegou ter
comprado as armas em Vacaria, por R$ 16 mil. A suspeita é que a transação tenha
ocorrido em São José do Ouro, mesmo local do roubo.
Agora o delegado Rollsing trabalhará para identificar os
autores do fato, recuperar o restante das armas e definir se o casal participou
do assalto ou apenas entrou como receptador do produto roubado. A perícia do
IGP será entregue em 30 dias. As investigações também poderão levar a polícia a
elucidar as circunstâncias do assalto e se os homens que praticaram o roubo
tiveram algum tipo de ajuda interna para ingressar no prédio.
O assalto
O prédio do Fórum, que fica no centro da cidade, ao lado da
praça central, é todo cercado e murado. Ainda assim, sem fazer alarde, os
assaltantes entraram no pátio e arrombaram a porta dos fundos do prédio de
alvenaria, de único pavimento. Dali, tiveram acesso à sala do Fórum onde
ficavam guardadas mais de 150 armas apreendidas como provas de crimes cometidos
na região. Eles fugiram com cerca de 60 armas entre revólveres e pistolas.
Fechado para perícia, o Fórum recebeu uma equipe do IGP que
conseguiu coletar dezenas de evidências do roubo. O rastro de digitais e as
peças de roupa deixadas pelos homens no local surpreenderam o delegado de
polícia Luís Carlos Rollsing. Apesar de demonstrar inexperiência do grupo neste
tipo de atividade, o conhecimento tecnológico dos assaltantes ficou evidente.
— Para entrar por aquela porta e fugir ao sensor do alarme
precisariam entrar rastejando, chegar à sala do alarme que fica em frente à
sala de armas e desarmar o sistema — salienta.
Há 15 dias estragado, o alarme do prédio havia sido
consertado na tarde de quinta-feira e estava ativado. Apesar disto, o alarme
não soou.
Mesmo quem mora quase ao lado do prédio não viu a
movimentação. A comerciante Maria Zuleide Vanz, 45 anos, ficou surpresa ao
saber do ocorrido. São José do Ouro é um município de pequeno porte, com 6,9
mil habitantes e que vive da agricultura.
— Nem lembro mais a última vez que houve um assalto aqui,
isto é raro — contou Maria.
O roubo silencioso se tornou o assunto da cidade. Um cartaz
grudado no portão do Fórum dava conta de que o prédio permaneceria fechado.
Como medida de segurança uma porta de grade foi instalada na
sala em que ficam armazenadas as armas, já que elas só podem ser entregues ao
exército brasileiro quando os processos aos quais estão ligadas como provas,
transitem em julgado, não cabendo mais recurso algum.
Fonte: Site Jornal Zero Hora
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