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domingo, junho 10

RS tem um crime a cada 2,5 MINUTOS



ZH analisou as 55 mil ocorrências registradas no primeiro trimestre para alcançar a taxa criminal por 100 mil habitantes.


A cada dois minutos e meio, uma pessoa é alvo de ladrões no Estado. Enquanto os moradores dos pequenos municípios sofrem com invasões a residências, furtos em veículos e abigeato, os gaúchos das grandes cidades são ameaçados diariamente por bandidos armados em ataques a pedestres e roubos de carros.

Para radiografar essa realidade, Zero Hora mapeou os 10 crimes contra o patrimônio que mais atormentam quem vive no Estado (veja quadro). Esse grupo de delitos foi responsável por 31,8 mil das 55 mil ocorrências de furto e roubo registradas no primeiro trimestre. Entre as constatações, está a de que os pequenos municípios, menos policiados, são territórios livres para os delitos menores, enquanto que na Região Metropolitana e nos centros regionais, como Pelotas e Caxias do Sul, a opção pelo assalto com arma de fogo está consolidada entre os criminosos.

Apontadas como refúgio à violência urbana, as cidades com até 50 mil habitantes vivem uma rotina de furtos que mina a tranquilidade. Apesar de os assaltos ainda serem exceção, já não é possível deixar a porta da varanda aberta ou o carro com os vidros baixos. Entre arrombamentos e furtos simples, foram 3.326 casos. Ou seja: 36 ataques por dia.

Proporcionalmente ao número de habitantes, o índice de residências atacadas é maior nesses lugarejos do que nos centros urbanos. Na lista está Santa Vitória do Palmar, a 241 quilômetros ao sul de Rio Grande e com 30 mil moradores. A delegacia local registrou 33 invasões de domicílio no verão. O suficiente para levar às rádios locais o delegado Rafael Vitola Brodbeck.

– Tento fazer um trabalho de conscientização com a comunidade – diz.

O número de casos, considerado alto para a cidade pelo delegado, é atribuído à combinação da difusão do crack com a tradição dos moradores de trocarem suas residências nos finais de semana por casas em balneários.

Se falta sossego nas cidadezinhas, nos maiores municípios as pessoas temem a morte em um assalto que deu errado. Em apenas 91 dias do ano, foram registrados 5,9 mil roubos a pedestres, ou seja, três por hora. A maior parte, 4,8 mil ataques, aconteceu em cidades com mais de 100 mil habitantes. Proporção semelhante é verificada quando a intenção dos bandidos é tirar o motorista do volante para levar o carro. Dos 2,8 mil roubos de veículos, 2,5 mil tiveram como palco as 18 maiores cidades.

Bandidos migram conforme “oferta”

Mais: o número de ataques que terminam com vítimas feridas é maior quando o assalto ocorre em uma grande cidade. No roubos a pedestres, o número é cinco vezes maior. Por trás da agressão, está a pressa dos bandidos. Para o psiquiatra forense Rogério Cardoso, a explicação pode estar no fato de que nas cidades os laços sociais são mais fracos:

– O ataque violento está ligado a uma falta de consideração pelo outro.

Para analisar a taxa de incidência dos crimes nos diferentes rincões do Estado, a reportagem dividiu as cidades gaúchas em quatro categorias: até 10 mil habitantes, entre 10 mil e 50 mil, 50 mil a 100 mil e mais de 100 mil habitantes. Em seguida, o número de crimes foi comparado às populações destes grupos e expresso em uma taxa por 100 mil habitantes.

A hipótese de que os bandidos migram de acordo com a oferta de alvos também é sustentado pelo levantamento. Entre as cidades pequenas, lideram o ranking de roubo a pedestres aquelas no Litoral Norte.

– No verão, o criminoso que atua aqui vem de fora – explica o delegado Paulo Perez, titular da Delegacia da Polícia Civil de Tramandaí.


Números preocupam autoridades

Apesar de os roubos e furtos estarem em queda em relação a 2011, o grande volume de ocorrências preocupa as autoridades. Isso porque só nos primeiros três meses do ano foram registrados 13.419 roubos (com violência) e 41.775 furtos.

Em Porto Alegre, segundo as contas oficiais, foram 2.053 ataques a pedestres – sendo que 96 deles terminaram com as vítimas feridas –, 1.375 roubos de veículos e 419 assaltos a estabelecimentos comerciais.

– Tenho a impressão de que o crime contra o patrimônio tem aumentado. O que acontece é que muitos roubos e furtos acabam não sendo registrados e não entram na análise. Não é caso só de polícia, há problemas sociais a serem enfrentados – avalia o delegado Juliano Ferreira, titular da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

Questionado sobre o alarmante número de casos ocorridos em 2012, o comandante-geral da BM, coronel Sérgio de Abreu, aponta como causa a disseminação do crack nas pequenas cidades e o “prende e solta” de criminosos. No caso de furto simples, com pena inferior a quatro anos, o bandido dificilmente ficará preso, mesmo que detido em flagrante, pois a atual legislação prevê nove medidas alternativas à cadeia.

– No Interior, temos de contar com o apoio da comunidade para que nossa inteligência possa monitorar ondas de crimes. Em cidades grandes, estamos tentando, com reforço de efetivo, aumentar a presença na rua, evitando assaltos ou reduzindo o tempo que o bandido tem para fugir após o ataque – argumenta o coronel.

Para diminuir a chamada cifra oculta a que se refere o delegado, ao menos no Interior, a Brigada Militar (BM) tem intensificado as visitas das patrulhas rurais às pequenas propriedades.

Fonte: Site Zero Hora 


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