Cirurgião diz que pode determinar
que o paciente seja internado pelo SUS.
Médico não atendeu à reportagem e
hospital diz que tomará providências.
Um médico do Hospital Centenário, de São Leopoldo, na Região
do Vale do Sinos, no Rio Grande do Sul, foi flagrado pela reportagem da RBS TV
cobrando por uma consulta pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Sem saber que a conversa era gravada, o homem cobrou R$ 2,5
mil por uma cirurgia de urgência em um homem com problema na vesícula e explica
que determinará a internação pelo SUS afirmando se tratar de uma emergência
“Ele disse que
precisava levar o cartão do SUS para fazer (a cirurgia), e ele não podia dar
recibo”, disse o genro do paciente, que não quis se identificar.
Na conversa gravada, o médico afirma que a cirurgia custará
R$ 4 mil, incluindo gastos com hospital, anestesista e cirurgia. Em seguida,
oferece uma espécie de desconto, explicando que tem como internar o paciente
pelo SUS para evitar supostas despesas com o hospital, que teria reajustado os
preços. Assim, ele pagaria R$ 2,5 mil.
"Você gasta só os R$ 2,5 mil da cirurgia, da equipe
cirúrgica, e não gasta em hospital, porque R$ 2 mil em hospital é um
absurdo", diz o médico. Questionado sobre como funcionaria o esquema, ele
admite: "Baixa pelo SUS, sim. Eu que determino".
A reportagem da RBS TV marcou um encontro com o médico em
seu consultório, mas ele não compareceu, deixando 10 pacientes à espera. Ainda
foi tentado um contato por telefone, mas o aparelho do cirurgião estava
desligado. "Eu até tentei contato com ele e não consegui", diz a
secretária do consultório.
Prática seria comum no hospital
A prática seria comum na cidade. O homem que fez a denúncia
disse estar "cansado" de pagar por procedimentos que deveriam ser
gratuitos. "Eu já paguei duas vezes por dois filhos meus, que a gente
pagou e fez por lá. Minha irmã pagou uma vez, para o filho dela também. E a
minha comadre também pagou uma vez", afirmou.
O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul
(Cremers) pretende abrir uma sindicância para apurar o fato. "Se for
provado que existe culpa, ele vai receber uma punição que é variável, desde uma
advertência até a suspensão do exercício profissional", afirma o
vice-presidente do Cremers, Fernando Weber Matos.
Outros dois profissionais foram indiciados pela Polícia
Civil pela prática. O caso foi encaminhado ao Ministério Público, que, no
início deste mês, solicitou novas investigações. "Vamos fazer a requisição
de um inquérito para a Polícia Civil e, assim que esse inquérito for concluído,
com a coleta das provas necessárias, virá para o Ministério Público para que
seja feita uma análise", afirma a promotora Ana Paula Bernardes.
A direção do hospital afirma que tomará as providências para
evitar a prática. "Assim que nós recebermos oficialmente as denúncias, é
aberto um processo administrativo investigatório pra que não ocorra mais esse
tipo de situação na nossa instituição", diz a vice-presidente
administrativa, Maria do Carmo Prompt.
Fonte: G1 RS
Comentário meu: "O tipo de situação" a que se refere a direção do Hospital Centenário de São Leopoldo é crime. Se está ocorrendo a prática dentro da instituição - responsabilidade da polícia e do Ministério Público apurar - ela deve ser severamente combatida.
Crime: concussão, artigo 316 do Código Penal Brasileiro.
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