Em ligação, ela pergunta a policial se pode mudar fechadura
do imóvel.
Ré confessa deve ser interrogada nesta terça-feira (11) em
São Paulo.
Elize Araújo Kitano Matsunaga, ré confessa do assassinato do
marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, telefonou 25 dias antes da data
do crime à Polícia Militar para denunciar a vítima por "ameaça". O G1
teve acesso ao áudio de 2 minutos e 32 segundos gravado pelo serviço de
emergência da corporação na noite do dia 24 de abril deste ano.
A bacharel em direito está presa preventivamente até seu
eventual julgamento. Ela confessou ter atirado e esquartejado o diretor da
Yoki, com o qual foi casada e tem uma filha de pouco mais de um ano, no dia 19
de maio, no apartamento do casal, na Zona Oeste de São Paulo.
De acordo com depoimentos de Elize, o crime ocorrido em maio
foi passional, cometido "sob forte emoção" após ela ter sido
"injustamente provocada pela vítima". À Polícia Civil, havia dito que
a vida conjugal não era "harmônica" e pensava em se separar. Alegou
ainda que respondeu a uma agressão de Marcos após discussão sobre a descoberta
da traição dele.
Na versão da acusada, o homem a xingou, ameaçou tirar a
guarda da criança dela, e matá-la caso fugisse com a menina. Pela primeira vez
no relacionamento, ele deu um tapa no seu rosto. Em seguida, a bacharel atirou
na cabeça do executivo da empresa alimentícia, cortou seu corpo, o colocou em
sacos e os espalhou na Grande São Paulo.
Durante a gravação feita em abril pela central 190 da PM,
Elize não diz ao atendente qual foi o tipo de ameaça que Marcos teria lhe
feito. No áudio é possível ouvir, no entanto, ela falar ao policial militar que
Marcos saiu de casa.
Ela pergunta também se pode aproveitar a ausência dele para
trocar a fechadura da porta do imóvel onde moram.
A defesa da ré afirma que a gravação feita pela PM reforça a
tese de sua cliente de que ela já vinha sendo ameaçada pelo marido antes mesmo
do crime. Segundo o advogado Luciano Santoro, Elize lhe contou que Marcos havia
dito em abril: "vou acabar com sua vida", após uma discussão.
O Ministério Público sustenta no processo que o assassinato
do empresário foi premeditado e que o motivo do crime foi financeiro. A acusada
estaria interessada no dinheiro da vítima. O G1 não conseguiu localizar o
promotor José Carlos Cosenzo para comentar o assunto.
Para interlocutores ligados à Promotoria, o áudio do serviço
de emergência mostra que Elize estava procurando um álibi para planejar o
homicídio do marido.
"Eu não sei se eu teria que ligar na emergência, mas é
assim: meu marido me ameaçou, saiu de casa. E eu queria perguntar se eu posso
trocar a fechadura", diz Elize ao atendente da PM, que em seguida registra
a ocorrência e envia viaturas ao local.
Mas ao chegarem lá, a bacharel em direito já havia saído do
imóvel com a filha, de pouco mais de um ano de vida, e a babá Mauricéia José
Gonçalves dos Santos.
As três haviam ido se refugiar em um hotel em São Paulo. De
lá, Elize seguiu depois com a criança e a funcionária para a Bahia e,
posteriormente, para o Paraná, onde mora sua família.
Nesse período, Elize cogitou o divórcio e para isso procurou
uma advogada para se separar, pois desconfiava da infidelidade do marido,
conforme documentos obtidos peloG1. Foi a especialista, que acabou não sendo
contratada, quem sugeriu à mulher contratar um detetive para flagrar a relação
extraconjugal que ele estava mantendo com uma garota de programa, atividade que
Elize também havia exercido quando conheceu Marcos. Nesse período, que
antecedeu o crime, Marcos tentou reconquistar Elize.
Presa preventivamente em Tremembé, no interior de SP, Elize
deverá comparecer nesta terça-feira (11) ao Fórum da Barra Funda, onde terá
seguimento a audiência de instrução do caso Matsunaga para saber se a acusada
será levada a julgamento pelo crime. Caso seja interrogada pela Justiça, a ré
irá confirmar a versão de que estava sendo ameaçada por Marcos e que o crime
foi passional.
"O áudio da PM mostra claramente que Elize telefonou
para o 190 para pedir ajuda porque temia a ameaça de Marcos", disse
Luciano Santoro, defensor da acusada. O interrogatório de Elize está
condicionado, porém, aos depoimentos de Mauricéia e de Nathalia Vila Real Lima,
amante de Marcos.
Elize completou 31 anos neste mês na prisão. Ela não vê a
filha desde 5 de junho, quando foi detida. Apesar de não ter perdido a guarda
da criança, não pode ver a menina ainda na cadeia. A Justiça concedeu aos avós
paternos a guarda provisória.
Fonte: Site G1
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