Obtidas pela RBS TV, as gravações mostram que um foragido
entrava e saía do Instituto Penal de Viamão (IPV) para combinar ataques com um
presidiário, que fugia para cometer os crimes e depois voltava à cadeia. Até
uma pedreira foi comprada pela quadrilha para treinar as explosões, como mostra
a reportagem do Bom Dia Rio Grande.
As gravações foram realizadas pela Polícia Civil de Sombrio,
no interior de Santa Catarina, e culminaram na prisão de Dênis Martins
Fernandes, o Pimenta, em dezembro, um dos que falam na ligação. Ele foi
surpreendido em uma casa em Atlântida Sul, no Litoral Norte do Rio Grande do
Sul, onde foram apreendidas toucas ninja, um fuzil e armamento.
O homem que entrava e saía livremente da penitenciária é
suspeito de ter ligação com o bando de Elisandro Falcão, morto durante
confronto com a Brigada Militar no final do ano passado, após assaltar uma
fábrica de joias em Cotiporã, na Serra gaúcha. Segundo investigações da
Delegacia de Roubos e Extorsões do Rio Grande do Sul, o grupo chegou a adquirir
uma pedreira em Santo Antônio da Patrulha para realizar treinamentos e comprar
dinamite legalmente. Conforme o delegado Juliano Rodrigues, vizinhos da
pedreira costumavam ouvir explosões no local, onde foram encontrados restos de
caixas eletrônicos.
Em uma das escutas, Fernandes conversa com um homem não
identificado e discute a quantidade de explosivos necessária para explodir uma
agência do Banco do Brasil em Antônio Prado, na Serra, crime que viria a ser
consumado dias depois. Eles comentam outro assalto praticado em Sombrio, onde a
quantidade de explosivos utilizada foi maior que a necessária, o que teria
prejudicado “um pouquinho” ação.
Confira o trecho:
Denis: “Quem fez esse bagulho pra mim foi o que pegaram lá
em Santa (Catarina), entendeu? Eles pegaram em Santa e usaram dois e meio”.
Suspeito: “Mas não deu muito dano? Não prejudicou muito
dentro?”
Dênis: “Bah, prejudicou um pouquinho, um pouquinho, mas também
jogou o bagulho longe. Abriu daquele jeito”.
Em outro trecho dos áudios obtidos pela RBS TV, Dênis telefona para Tiago Moares da Silva, o
Pequeno, detido em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Eles
acertam a compra de armas para os assaltos. "Eu sei do AK novo, né? Nós
temos uma 30 de ferrolho e uma 30 automática. E um 762. E duas 30, 30 aquelas
sabe? Tu tem colete?", pergunta Dênis.
De acordo com a polícia, Dênis também era foragido do mesmo
presidio onde estava Tiago. E precisava entrar na cadeia discretamente para
combinar os assaltos. A tática era
entrar por um “mato”, próximo a penitenciária. Quando havia policiais próximos
ao mato, o acesso era via estacionamento.
Confira o trecho:
Tiago: “Ô cupincha, os guris falaram que entrou duas
viaturas aqui atrás, tá ligado?”
Dênis: “Então vou pela frente?”
Tiago: “Isso, vai pelo estacionamento bonitinho”.
Dênis: “Tá na mão então.”
Em nota, a Susepe lembrou que a Secretaria de Segurança
realizou no dia 25 de janeiro uma operação envolvendo todas as instituições de
segurança do estado, que resultou na apreensão de diversos materiais depois de
quatro meses de investigação.
Como resultado, vários mandados de prisão foram expedidos. O
órgão também informou que está sendo avaliada a construção de um muro de
contenção ao redor do IPV.
Fonte: site G1.
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