Coutinho ainda afirma
que a discussão sobre a evolução do direito do Processo Penal não avançou no
Brasil nos últimos anos e os discursos sobre as melhorias que o Código do
Processo Penal deve passar vem se repetindo desde o início da década de 1990.
“O que se passa com a gente, que está a 25 anos discutindo o mesmo
assunto?", questiona.
O jurista pontua que
já é “lugar comum” dizer que o CPP é uma “baderna legislativa”, que há
regramentos “difíceis de entender”, e que nem os “tribunais superiores têm
posições uniformes” acerca dos dispositivos do Código.
Coutinho, ao Bahia Notícias, afirmou que é preciso mudar o
“sistema inquisitorial” dos processos no Brasil para o “sistema acusatório”,
por ser o único que permite que se tenha “democracia processual”.
Ele crítica o atual sistema também por imunizar “certos
extratos” da sociedade brasileira.
Durante a palestra, Jacinto ainda condenou o sistema penal
brasileiro por dar espaço ao surgimento de justiceiros, como a do ministro
Joaquim Barbosa, atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que em sua
visão, prestam um “desserviço” a sociedade, e por serem altamente moralistas.
“Boa parte deles acham que estão fazendo algo de bom, mas na
verdade estão fazendo algo de mau. São eles que seguram a situação como está, e
enquanto estiver assim, segue sendo discriminatória.
E o resultado desta
prática é o que vemos nas penitenciárias, e quem está nas penitenciárias?”,
analisa.
O erro dos justiceiros, segundo Coutinho, é por atropelar
todos os meios legais para instaurar um processo, sob o argumento de que os
“fins justificam os meios”.
Em seu entendimento,
a desordem do CPP, e a forma como os processos são conduzidos, pode colocar em
risco os direitos e garantias dos cidadãos, principalmente os mais pobres e
vulneráveis. Coutinho - que integrou a comissão de juristas que elaborou o
anteprojeto de reforma do CPP, que agora tramita como projeto de lei na Câmara
dos Deputados - afirma que a reforma não
é perfeita, mas está em maior consonância com a Constituição Brasileira, mas
agora enfrenta a falta de vontade política para aprovar o texto, por ampliar o
leque das garantias e direitos das pessoas nos tramites do processo penal.
Fonte: Site Bahia Notícias
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