Pesquisar este blog

sábado, agosto 3

Polícia Civil apreende 20 quilos de drogas no primeiro semestre de 2013


O montante já é maior do que a soma das apreensões realizadas nos três anos anteriores

Por: Carolina Marasco
 Diário Popular

O recorde de apreensões de drogas em Pelotas nos últimos três anos alerta para um problema que atinge todo o país. Os números do município destacam a retomada das ações voltadas exclusivamente ao combate a este tipo de crime pela Polícia Civil. Se de um lado do campo de batalha à venda de entorpecentes está o trabalho da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos e Capturas (Defrec) no outro, estão as ações governamentais que buscam a implantação de políticas públicas efetivas que auxiliem em uma possível solução para o tema.

Em Pelotas, números divulgados pela Defrec, a pedido do Diário Popular, revelam que cerca de 17 quilos de drogas foram apreendidos no primeiro semestre de 2013 na cidade. O número é considerado expressivo em relação ao histórico de apreensões da Civil. Os dados resultam do retorno de uma equipe voltada exclusivamente ao combate ao tráfico.

Ainda conforme a Defrec, 16 pessoas foram presas no município pelo crime e 14 armas de fogo recolhidas durante as operações. A partir destes números, o delegado Guilherme Calderipe aponta que aproximadamente R$ 2 milhões foram retirados dos traficantes.
Segundo o delegado, o montante de drogas recolhidas em 2013 pela Defrec em Pelotas supera a soma das apreensões de 2010, 2011 e 2012. No entanto, as quantias de cada ano não foram divulgadas. “O que sabemos é que a maioria é cocaína, droga que no comércio é mais cara que o crack e a maconha”, completa.

Desenvolvido em conjunto com a 18ª Delegacia Regional de Polícia Civil, esta retomada do trabalho voltado ao tráfico busca centralizar as investigações em uma delegacia especializada, que possa ter atuação em toda a região. Em Canguçu, por exemplo, a quantidade de pessoas presas pela comercialização de drogas em 2013 já supera o total do ano passado. Em 2012, seis pessoas foram presas e neste ano o número já saltou para dez prisões realizadas apenas nos primeiros quatro meses do ano.
A maior apreensão deste ano de um único entorpecente ocorreu no mês de junho quando a Defrec deflagrou a Operação Combo. Quatro quilos e meio de cocaína foram encontrados em um matagal próximo à residência de um acusado por tráfico investigado pela polícia na região do Jardim do Prado, no bairro Três Vendas. Armas e munições também foram recolhidas e dois suspeitos detidos.

Perfil das investigações

O foco principal do trabalho investigativo da polícia é a identificação dos maiores distribuidores de drogas da cidade. Dessa forma, conforme o delegado, se torna possível desarticular a rede de comercialização em alguns bairros. “Além da prisão, buscamos também retirar o patrimônio dos traficantes, como imóveis, armas, carros e outros bens para que eles não tenham como se sustentar dentro da prisão”, completa Calderipe.

Ação policial e políticas públicas

Embora as ações policiais resultem em um maior índice de prisões pelo comércio ilegal de entorpecentes, somente esta estratégia não poderá acabar com o avanço da prática. Para o juiz de Direito da 1ª Vara Cível do Segundo Juizado de Pelotas, Marcelo Malizia Cabral, é preciso uma reformulação tanto no sistema prisional quanto no enfrentamento das autoridades sobre o assunto. “Acredito que só a repressão policial é insuficiente. O sistema prisional tem muitas deficiências no exercício de suas funções, como a de ressocialização e a de educação de quem é preso. Além disso, os governos precisam focar seus trabalhos no tratamento dos usuários”, analisa Cabral.

Ao diminuir o uso das substâncias, os traficantes perdem sua principal fonte de renda: o vício dos dependentes. Considerando a dependência química como uma chaga social, Cabral - que ainda leciona as disciplinas de Direito Penal e Processual Penal na Universidade Católica de Pelotas (UCPel) - defende a necessidade urgente de maiores quantidade e efetividade das políticas públicas de saúde para o auxílio aos usuários. Assim os governos precisam estar dispostos a entrar nesta luta, encarando o tema em diversas áreas. 

“Funciona como a lei da oferta e da procura, no entanto, o Estado ainda não tem capacidade para encontrar soluções frente a esse problema”, disse. Ele ainda comenta a importância do enfoque à capacitação profissional dos detentos, criando assim, a oportunidade para que ao sair da prisão eles possam mudar de vida e abandonar a criminalidade.

Envolvimento com outros crimes

Um dos pontos abordados pelo levantamento da Defrec é a associação do tráfico a outros delitos, como porte ilegal de arma, assaltos e homicídios. Para a Defrec, grande parte dos acusados por assalto e mortes violentas tem algum envolvimento com o tráfico.

Com a ampla circulação de dinheiro da venda de entorpecentes, o comércio de armas, por exemplo, se torna uma prática comum no cotidiano dos traficantes da região, afirma o titular da pasta. Já que são estes distribuidores que possuem o capital necessário para adquirir as armas no mercado ilegal, quadrilhas de assaltantes vinculam-se a eles para poder ter acesso ao armamento.

Estatísticas

Uma pesquisa do economista Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), sobre a taxa de homicídios no país nos últimos 30 anos, aponta que de 2001 a 2007 o consumo de drogas ilícitas no Brasil cresceu o índice alarmante de 127%. Quanto maior a procura pelas drogas, maior a venda. Dessa forma, este crescimento no consumo afeta também, segundo dados do pesquisador, a elevação da taxa de homicídios e a violência no país.

Apesar da falta de indicadores relacionados ao tema em Pelotas, os apontamentos de Cerqueira ainda mostram que a taxa de mortes violentas relacionadas ao tráfico de drogas no Rio Grande do Sul aumentou 14,3% no mesmo período de seis anos.

Sistema municipal para combate

Buscando soluções para o avanço do consumo de drogas, principalmente do crack, entorpecente derivado da cocaína com elevados potenciais de dependência e mortalidade, o prefeito Eduardo Leite (PSDB) assinou um decreto em março deste ano que criou o Comitê Local de Gestão do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack, formado por representantes da Secretaria de Saúde (SMS), da Secretaria de Educação e Desporto (Smed), da Secretaria de Justiça Social e Segurança (SJSS) e do Gabinete do prefeito.

A formulação do comitê era um dos pré-requisitos para que a cidade integrasse o programa do governo federal Crack, é Possível Vencer.


Fonte: Diário Popular

Nenhum comentário: