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domingo, dezembro 18

Trânsito: violência e morte


A barbárie do trânsito registra estatísticas de uma guerra civil. No país, os acidentes já fizeram mais de 40 mil vítimas. Em três anos, morreu mais gente do que em toda a Guerra do Iraque.

Em Brasília, como de resto, em todo o Brasil, a realidade não é diferente.  Os registros de tragédias no trânsito em 2011 são assustadores.

A quantidade de tragédias em 2011 não coube no ano. Serão 365 dias, mas até 4 de dezembro, o Departamento de Trânsito do DF (Detran) já havia registrado 395 desastres com mortes.

Esses acidentes mataram 449 pessoas, mais de uma a cada 24 horas. Às vezes, duas, três de uma mesma família.

Os dados são atualizados todos os meses pelo Detran em um informativo intitulado Placar da Vida, cujos números, no entanto, classificam a morte no asfalto. São pedestres, motoristas, ciclistas, motoqueiros e passageiros que entraram para as estatísticas brutais do trânsito, onde centenas de vidas são despedaçadas e sonhos atropelados para sempre, todos os anos.

As mortes no trânsito alcançam estatísticas de guerra. Sem crises diplomáticas, o Brasil registra baixas só reunidas em bombardeios. Documentos secretos dos Estados Unidos divulgados pelo Wikileaks indicam que em sete anos de guerra no Iraque 109 mil pessoas perderam suas vidas, entre civis e militares. No Brasil, onde a guerra não é declarada, em três anos esse número é superado.

Estimativa do Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi Brasil) é de que 37 mil pessoas vão a óbito por ano em acidentes em vias e rodovias. O Ministério da Saúde aponta que em 2006 foram 28.995, em 2007 outros 37.407 e no ano seguinte, mais 36.666 mortos. Este ano, a chacina já ultrapassou a barreira das 40 mil vítimas. Além disso, a cada ano 180 mil feridos no asfalto são internados para tratamento.

Nas pistas do Distrito Federal morreram, nos últimos 15 anos, 6.715 pessoas. Tragédia comparável a dois atentados como o das Torres Gêmeas, que destruiu 2.976 vidas. No trânsito, as mortes representam um terror persistente. O ano de 2011 foi violento como tem sido na última década e meia (veja quadro abaixo). Na virada, os 2,6 milhões de cidadãos candangos vão fazer planos de saúde, paz, prosperidade, amor. Mas a série histórica de mortes sentencia pessoas e estabelece uma média dramática. A violência no asfalto vai encerrar os planos, sonhos e projetos de 400 pessoas antes do réveillon de 2012. Se nada for feito, muito provavelmente 500.

Fonte: Correio Braziliense

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