O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres
Britto afirmou nesta terça-feira (10) que o julgamento, que acontece nesta
quarta (11) e discutirá se é crime o aborto de fetos anencéfalos (sem cérebro),
é um “divisor de águas no plano da opinião pública” e será “rico de debates”.
Britto, que assumirá a função de presidente da Corte no
próximo dia 19, foi ao Congresso nesta terça convidar os presidentes da Câmara,
Marco Maia, e do Senado, José Sarney, para sua posse no comando da Corte.
De acordo com o ministro, o país tinha um 'encontro marcado
com o tema'. "[O processo] é um divisor de águas no plano da opinião
pública, repercute muito no campo da religiosidade, da saúde pública, enfim, é
um tema grandioso pelo seu impacto até no modo de conceber a própria vida, a
própria sociedade".
Para ele, o julgamento será rico de “reflexões e de
intuições também, porque o sentimento também conta na hora de equacionar os
fatos".
O julgamento
O Supremo vai analisar uma ação proposta em 2004 pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), que pede que o aborto
seja permitido no caso de fetos sem cérebro. O voto do relator, ministro Marco
Aurélio Mello, está pronto desde o dia 4 de março.
A entidade afirma que manter o rótulo de crime nesses casos
seria uma ofensa à dignidade da mãe, que seria obrigada levar adiante a
gravidez de um feto que não sobreviverá depois do parto. No processo, os
advogados da confederação lembram da dificuldade de se conseguir uma
autorização na Justiça para fazer o aborto de fetos anencéfalos.
Diante da controvérsia sobre o tema, em 2008, o Supremo
promoveu uma audiência pública para ouvir os diversos pontos de vista sobre a
interrupção da gravidez de fetos sem cérebro.
A interrupção da gravidez de anencéfalos é permitida na
Europa continental, inclusive Portugal, Espanha e Itália, na Europa oriental,
Canadá, China, Cuba, Japão, Índia, Estados Unidos, Rússia, Israel e nos países
da Ásia. Desde 2003, também a Argentina permite a interrupção da gravidez em
casos de fetos com malformações irreversíveis.
OAB
Em nota divulgada nesta terça-feira (10), o presidente da
Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ), Wadih Damous,
defendeu que o STF garanta às mulheres, durante o julgamento desta quarta, o
direito à interrupção da gravidez nos casos de fetos anencéfalos.
Para o presidente da OAB-RJ, obrigar a mulher, contra a sua
vontade, a manter a gestação de anencéfalo é "submetê-la a tortura
psicológica, violando sua saúde física e mental e afrontando seus direitos
fundamentais, protegidos pela Constituição Federal", segundo a nota.
Fonte: Site G1
Um comentário:
Poxa Professora Ana Claudia!! Só agora eles resolveram discutir esse tema! Enquanto nós duas desde 2007 vinhamos dizendo que tinha algo errado aí! hihihih "Aborto de Feto Anencéfalo vs. Aborto de Estuprada"...
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