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terça-feira, abril 10

Julgamento sobre anencéfalos é 'divisor de águas', diz ministro do STF


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto afirmou nesta terça-feira (10) que o julgamento, que acontece nesta quarta (11) e discutirá se é crime o aborto de fetos anencéfalos (sem cérebro), é um “divisor de águas no plano da opinião pública” e será “rico de debates”.

Britto, que assumirá a função de presidente da Corte no próximo dia 19, foi ao Congresso nesta terça convidar os presidentes da Câmara, Marco Maia, e do Senado, José Sarney, para sua posse no comando da Corte.

De acordo com o ministro, o país tinha um 'encontro marcado com o tema'. "[O processo] é um divisor de águas no plano da opinião pública, repercute muito no campo da religiosidade, da saúde pública, enfim, é um tema grandioso pelo seu impacto até no modo de conceber a própria vida, a própria sociedade".

Para ele, o julgamento será rico de “reflexões e de intuições também, porque o sentimento também conta na hora de equacionar os fatos".

O julgamento

O Supremo vai analisar uma ação proposta em 2004 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), que pede que o aborto seja permitido no caso de fetos sem cérebro. O voto do relator, ministro Marco Aurélio Mello, está pronto desde o dia 4 de março.

A entidade afirma que manter o rótulo de crime nesses casos seria uma ofensa à dignidade da mãe, que seria obrigada levar adiante a gravidez de um feto que não sobreviverá depois do parto. No processo, os advogados da confederação lembram da dificuldade de se conseguir uma autorização na Justiça para fazer o aborto de fetos anencéfalos.

Diante da controvérsia sobre o tema, em 2008, o Supremo promoveu uma audiência pública para ouvir os diversos pontos de vista sobre a interrupção da gravidez de fetos sem cérebro.

A interrupção da gravidez de anencéfalos é permitida na Europa continental, inclusive Portugal, Espanha e Itália, na Europa oriental, Canadá, China, Cuba, Japão, Índia, Estados Unidos, Rússia, Israel e nos países da Ásia. Desde 2003, também a Argentina permite a interrupção da gravidez em casos de fetos com malformações irreversíveis.

OAB

Em nota divulgada nesta terça-feira (10), o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ), Wadih Damous, defendeu que o STF garanta às mulheres, durante o julgamento desta quarta, o direito à interrupção da gravidez nos casos de fetos anencéfalos.

Para o presidente da OAB-RJ, obrigar a mulher, contra a sua vontade, a manter a gestação de anencéfalo é "submetê-la a tortura psicológica, violando sua saúde física e mental e afrontando seus direitos fundamentais, protegidos pela Constituição Federal", segundo a nota.

Fonte: Site G1

Um comentário:

Isabel Martins disse...

Poxa Professora Ana Claudia!! Só agora eles resolveram discutir esse tema! Enquanto nós duas desde 2007 vinhamos dizendo que tinha algo errado aí! hihihih "Aborto de Feto Anencéfalo vs. Aborto de Estuprada"...