Matéria do Jornal Zero Hora deste Domingo
Foi a partir de um acordo informal que o grupo de presos do
Pio Buck envolvido em um dos maiores esquemas de corrupção do sistema
penitenciário gaúcho ganhou o direito de trabalhar na olaria da Brigada Militar
em Alvorada, na Região Metropolitana.
À época, o local estava sob responsabilidade da Fundação
Brigada Militar (FBM), uma entidade privada criada em 1997 para, entre outras
funções, administrar bens do Estado por meio de convênios. A Superintendência
dos Serviços Penitenciários (Susepe) não tem registro algum tanto das saídas
quanto do trabalho dos detentos do albergue entre os anos de 2007 e 2008.
Diretor-presidente da FBM no período, o coronel da reserva
Arlindo Bonete Pereira explica que uma empresa terceirizada, contratada pela
fundação, administrava o trabalho na olaria. Conforme Bonete, a entidade apenas
repassava verbas para que a empresa pagasse os presos, sem ter contato direto
com os detentos.
– A administração do Pio Buck ofereceu o serviço. Foi um
contrato verbal, uma experiência para saber se funcionaria. Como eram
escolhidos os presos, como ficavam os presos, não sei te responder – diz o
antigo diretor-presidente.
Produção da Olaria era destinada à BM
Além da olaria, um convênio com duração de cinco anos com a
administração estadual permitiu à fundação manter sob sua responsabilidade
outros bens da BM, como o Ginásio da Brigada na Capital e três fazendas no
Interior.
Bonete afirma que a entidade não recebia dinheiro do Estado
pelo acordo, encerrado em meados de 2009 e não renovado por desinteresse do
Estado. A ideia era administrar e renovar os bens durante o período.
À margem da freeway, nas proximidades do Distrito Industrial
de Alvorada, a olaria que deveria ser o destino dos presos do Pio Buck hoje
está inativa. Desde o final do convênio entre o Estado e a Fundação Brigada
Militar, o local deixou de produzir os tijolos que eram vendidos ou utilizados
para atender necessidades pontuais de unidades da BM ou de policiais militares.
O local ainda aguarda uma definição do comando da corporação
para receber um destacamento do 4º Regimento de Polícia Montada (RPMon), de acordo
com o diretor do Departamento Logístico e de Patrimônio da BM, coronel Renato
Fraga. O local deve abrigar 30 cavalos e 30 cavalarianos que vão atender
Alvorada, Gravataí, Cachoeirinha e Viamão.
– Estamos tratando de reformas que são necessárias para receber
os equinos e da reforma dos alojamentos – adianta o tenente-coronel Solon
Beresford, comandante do 4º RPMon.
Fonte: Site Jornal Zero Hora
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