Jorge Luiz Rosa falou pela
primeira vez sobre o caso Eliza Samudio.
Defensor se disse surpreso sobre
plano para matar Ingrid Calheiros.
O advogado Eliézer Jonatas, que
representou Jorge Luiz Rosa durante o cumprimento de medida socioeducativa por
crime análogo a homicídio de Eliza Samudio, disse neste segunda-feira (25) que
não representa mais o primo do goleiro Bruno Fernandes. O motivo é a quebra de
silêncio. “Estou deixando a partir de hoje, porque ele não me consultou em
momento nenhum sobre a entrevista ao ‘Fantastico’. Não teve orientação minha",
disse.
Depois de assistir à entrevista,
o advogado se disse surpreso em relação ao suposto plano para matar Ingrid
Calheiros, atual mulher de Bruno, revelado por Jorge. As demais declarações são
verdadeiras, segundo Jonatas. “Fiquei tão surpreso com relação ao que ele disse
que o Macarrão chegou a oferecer dinheiro para matar a Ingrid. Nunca me disse
nada sobre isso. 95% do que ele declarou é a versão verdadeira dos autos”,
afirmou.
Hoje com 19 anos, Jorge é
considerado testemunha-chave no processo, porque foi o primeiro a afirmar que
Eliza não tinha simplesmente desaparecido. Por envolvimento no assassinato,
cumpriu por dois anos e dois meses medida sócio-educativa numa unidade para
menores infratores em Belo Horizonte. Ele era menor de idade à epoca do
desaparecimento e, desde sua libertação foi mantido em programa de proteção à
testemunha até dezembro do ano passado. Segundo a Secretaria de Estado de
Defesa Social, ele solicitou o desligamento.
O advogado disse que Jorge não se
considerava em risco após sair do cumprimento de medida sócio-educativa, e não
acreditava em um possível crime contra ele por queima de arquivo. Mesmo assim,
Jonatas disse que tinha obrigação profissional de proteger seu cliente, e que
por isso entrou com o pedido de inclusão no programa de testemunhas. Nem ele
nem os pais de Jorge souberam da decisão do jovem de deixar o programa com
antecedência. "Ele é maior de idade, dono do nariz dele", observou.
Questionado sobre mudança de
versões durante o processo, o advogado disse que Jorge prestou alguns
depoimentos em Belo Horizonte sem representante legal ou responsáveis presentes
no início de julho de 2010. Nestas ocasiões, teria sofrido coação. Depois de
ser nomeado, em 15 de julho, Jonatas assegura que a versão verdadeira foi
revelada e que condiz com as declarações dadas por Jorge ao Fantástico. Em
reportagem exibida neste domingo (24), Jorge afirmou que não tinha como Bruno
não saber que a morte de Eliza estava sendo planejado por Luiz Henrique
Ferreira Romão, o Macarrão.
“Ele deu exatamente a versão de
que ele foi convidado a passar um susto na Eliza, não sabia a dimensão do
susto. Topou de pronto em função do prejuízo que ela estava dando no Bruno na
imprensa”, falou, se referindo a uma reportagem em que Eliza aparece
denunciando o goleiro de agressão e de tê-la feito tomar uma substância
abortiva. Por esta agressão, além de cárcere privado e constrangimento ilegal,
Bruno foi condendo no Rio de Janeiro a quatro anos e seis meses de prisão, em
dezembro de 2010. Em maio de 2012, o goleiro conseguiu a libertação condicional,
mas não saiu da prisão por que ainda estava preso pela morte da jovem, processo
que corre em Minas Gerais.
Segundo o advogado, não há prova
testemunhal nem física da morte de Eliza. “Acredito que a Eliza não foi morta.
Não tem materialidade, nem indireta. A prova testemunhal, o Sérgio, está morto.
O Jorge afirmou que não viu Eliza sendo morta”, disse. Sérgio Rosa Sales,
também primo de Bruno, foi executado em agosto do ano passado e a polícia
descartou ligação do crime com o caso Eliza.
Nesta segunda-feira (25), o
Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) informou que Jorge vai ser
testemunha no júri popular marcado para o dia 4 de março no I Tribunal do Júri
de Contagem. Ele foi arrolado pelo Ministério Público Estadual e a defesa do
goleiro Bruno.
O julgamento de Bruno está
marcado para o próximo dia 4 de março. Ele responde por homicídio triplamente
qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da
vítima); sequestro e cárcere privado e ocultação de cadáver. A ex-mulher do
goleiro, Dayanne do Carmo Souza, acusada de envolvimento no sequestro e cárcere
privado de Bruninho, também estará no banco dos réus.
Não tinha como o Bruno não
desconfiar'
Ao Fantástico, Jorge Luiz Rosa
afirmou que Bruno sabia que o crime estava sendo planejado, apesar de ter
negado o conhecimento do atleta na primeira resposta. Ao ser perguntado se
Bruno sabia que o crime aconteceria e era planejado, Jorge disse que “não tinha
como não desconfiar. Tava debaixo do nariz dele. Com o Macarrão do jeito que
gostava tanto dele, fazia qualquer coisa por ele, não desconfiar daquilo ali?
Não mandou matar, mas...”, disse.
Inicialmente, na entrevista, o primo havia afirmado que Bruno não sabia
de nada. Mas depois mudou de opinião e
pediu para responder a pergunta novamente.
Jorge ainda diz que Macarrão lhe
ofereceu R$ 15 mil para matar Ingrid Calheiros, atual mulher de Bruno. Esse
fato teria acontecido quando Jorge foi morar com Bruno no Rio e tinha uma
dívida relacionada a drogas.
Sem citar o nome de Marcos
Aparecido dos Santos, o Bola, que está com julgamento marcado para o dia 22 de abril – Jorge Luiz faz outra
revelação: era pra Bruninho - na época, com quatro meses - também ser morto.
“Pelo Macarrão, a criança tinha morrido também. Dentro do carro, pegou e falou
pra mim que só não deixou, só não mandou matar a criança também porque o cara
que executou a mãe dele, da criança, não quis fazer nada com a criança. falou
que, com a criança, não. Não quis matar a criança”.
Durante o processo, Jorge mudou o
depoimento pelo menos quatro vezes. Segundo o Ministério Público, eram
tentativas de diminuir a participação de Bruno no crime.
Fonte: Site G1
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