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segunda-feira, março 11

Arquiteta que participou de projeto da Kiss esclarece detalhes à polícia



Delegados querem saber se o projeto foi aprovado pela prefeitura.
Outra arquiteta responsável também foi intimada a depor.

A Polícia Civil ouviu na manhã desta segunda-feira (11), em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul, uma das arquitetas responsáveis pelo projeto de reforma do prédio onde funcionava a boate Kiss. Em 27 de janeiro, um incêndio na casa noturna causou a morte de 241 pessoas.

No depoimento, Cristina Trevisan disse que devolveu o projeto à prefeitura, no nome do proprietário do imóvel que alugou o prédio para os sócios da Kiss, como mostra a reportagem do Jornal do Almoço, da RBS TV (veja o vídeo).
"Havia irregularidades, e mesmo assim a prefeitura permitiu que o estabelecimento funcionasse. Então queremos esclarecer esse detalhe, quais as implicações disso, e se é um procedimento padrão. Se é padrão, obviamente que há uma falha muito grande, ", disse o delegado Sandro Meinerz.

O objetivo dos delegados que investigam o caso é saber se o projeto para a instalação da boate, em 2009, foi aprovado ou não pela prefeitura. A arquiteta forneceu o número do documento, que será solicitado ao órgão para a análise policial. Antes da construção da Kiss, funcionava no local um cursinho pré-vestibular.

Duas arquitetas se dizem responsáveis pelo plano de reforma, que exigiu 29 alterações, entre elas duas portas de saída. A outra profissional, Liése Vieira, também foi intimada a depor.

O prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, disse em depoimento à polícia na última sexta-feira (8) que desconhece o motivo de a boate ter funcionado sem alvará e nunca ter sido fechada. Ainda segundo ele, a tramitação dos documentos e fiscalizações não passam por seu gabinete. O processo, explicou o prefeito, é todo feito pelas secretarias municipais, que teriam autonomia para exercer as atividades fiscalizatórias.

O arquiteto da prefeitura, Rafael de Oliveira, também já prestou depoimento. Segundo ele, o projeto com as exigências foi retirado, mas não teria retornado ao município com as correções. Ainda de acordo com Oliveira, isso significa abandono de projeto.

As alterações no prédio, na avaliação dele, foram feitas por conta e risco dos proprietários.

Na tarde de terça-feira (12) a polícia deve ouvir o produtor da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Leão, que seria interrogado nesta segunda, na Penitenciária Estadual de Santa Maria, onde cumpre prisão preventiva. Elissandro Spohr, o Kiko, um dos sócios da boate, que também está preso, deverá prestar depoimento na quarta-feira (13). Ainda não há previsão de quando deve ser ouvido o outro sócio, Mauro Hoffmann. A polícia espera concluir as investigações até sexta-feira (15).

O CASO

O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, deixou 241 mortos na madrugada de domingo, dia 27 de janeiro. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. De acordo com relatos de sobreviventes e testemunhas, e das informações divulgadas por investigadores:

- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso.
- Era comum a utilização de fogos pelo grupo.
- A banda comprou um sinalizador proibido.
- O extintor de incêndio não funcionou.
- Havia mais público do que a capacidade.
- A boate tinha apenas um acesso para a rua.
- O alvará fornecido pelos Bombeiros estava vencido.
- Mais de 180 corpos foram retirados dos banheiros.
- 90% das vítimas fatais tiveram asfixia mecânica.
- Equipamentos de gravação estavam no conserto.

Fonte: Site G1RS

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