Delegados querem saber
se o projeto foi aprovado pela prefeitura.
Outra arquiteta
responsável também foi intimada a depor.
A Polícia Civil ouviu na manhã desta segunda-feira (11), em
Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul, uma das arquitetas
responsáveis pelo projeto de reforma do prédio onde funcionava a boate Kiss. Em
27 de janeiro, um incêndio na casa noturna causou a morte de 241 pessoas.
No depoimento, Cristina Trevisan disse que devolveu o
projeto à prefeitura, no nome do proprietário do imóvel que alugou o prédio
para os sócios da Kiss, como mostra a reportagem do Jornal do Almoço, da RBS TV
(veja o vídeo).
"Havia irregularidades, e mesmo assim a prefeitura
permitiu que o estabelecimento funcionasse. Então queremos esclarecer esse
detalhe, quais as implicações disso, e se é um procedimento padrão. Se é
padrão, obviamente que há uma falha muito grande, ", disse o delegado
Sandro Meinerz.
O objetivo dos delegados que investigam o caso é saber se o
projeto para a instalação da boate, em 2009, foi aprovado ou não pela
prefeitura. A arquiteta forneceu o número do documento, que será solicitado ao
órgão para a análise policial. Antes da construção da Kiss, funcionava no local
um cursinho pré-vestibular.
Duas arquitetas se dizem responsáveis pelo plano de reforma,
que exigiu 29 alterações, entre elas duas portas de saída. A outra
profissional, Liése Vieira, também foi intimada a depor.
O prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, disse em
depoimento à polícia na última sexta-feira (8) que desconhece o motivo de a
boate ter funcionado sem alvará e nunca ter sido fechada. Ainda segundo ele, a
tramitação dos documentos e fiscalizações não passam por seu gabinete. O
processo, explicou o prefeito, é todo feito pelas secretarias municipais, que
teriam autonomia para exercer as atividades fiscalizatórias.
O arquiteto da prefeitura, Rafael de Oliveira, também já
prestou depoimento. Segundo ele, o projeto com as exigências foi retirado, mas
não teria retornado ao município com as correções. Ainda de acordo com
Oliveira, isso significa abandono de projeto.
As alterações no prédio, na avaliação dele, foram feitas por
conta e risco dos proprietários.
Na tarde de terça-feira (12) a polícia deve ouvir o produtor
da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Leão, que seria interrogado nesta
segunda, na Penitenciária Estadual de Santa Maria, onde cumpre prisão
preventiva. Elissandro Spohr, o Kiko, um dos sócios da boate, que também está
preso, deverá prestar depoimento na quarta-feira (13). Ainda não há previsão de
quando deve ser ouvido o outro sócio, Mauro Hoffmann. A polícia espera concluir
as investigações até sexta-feira (15).
O CASO
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do
Rio Grande do Sul, deixou 241 mortos na madrugada de domingo, dia 27 de
janeiro. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada
Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. De acordo com
relatos de sobreviventes e testemunhas, e das informações divulgadas por
investigadores:
- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso.
- Era comum a utilização de fogos pelo grupo.
- A banda comprou um sinalizador proibido.
- O extintor de incêndio não funcionou.
- Havia mais público do que a capacidade.
- A boate tinha apenas um acesso para a rua.
- O alvará fornecido pelos Bombeiros estava vencido.
- Mais de 180 corpos foram retirados dos banheiros.
- 90% das vítimas fatais tiveram asfixia mecânica.
- Equipamentos de gravação estavam no conserto.
Fonte: Site G1RS
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