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segunda-feira, abril 23

Sistema Prisional: Presídio Central de Porto Alegre inaugura ala exclusiva para homossexuais



Crédito: Tarsila Pereira
A criação de uma ala exclusiva para travestis e homossexuais, no Presídio Central de Porto Alegre nesta segunda-feira, vem atender a uma reivindicações dos gays que cumprem pena no estabelecimento penal. O RS é o segundo estado brasileiro a ter uma ala exclusiva para homossexuais. O primeiro foi Minas Gerais. Segundo um dos detentos, conhecido como Nalanda, com esta nova ala, situada na 3ª galeria do pavilhão H, os homossexuais se sentem mais tranquilos e seguros.

Anteriormente, independente da orientação sexual, eles estavam divididos em outros pavilhões, em especial o G, onde a homofobia gerava, inclusive, agressões físicas. “Não podíamos andar pelo corredor no dia de visitas, pois os presos não queriam que seu familiares soubessem da existência de travestis na ala”, lembra Nalanda, que tem mais um ano a cumprir de pena, por roubo. “No pátio, tínhamos que ficar atrás das colunas ou deitadas no chão, para que as visitas não nos vissem.”

E não ficava apenas nisso. Segundo Nalanda, o tratamento dos outros detentos no pavilhão G era semelhante ao dispensado a castas inferiores, na Índia, com os “intocáveis” por exemplo. “Os outros presos, não pegavam uma caneca que tínhamos tocado”, conta. “Nem comiam, se soubessem que tínhamos tocado na panela ou outro recipiente”, recorda.

No novo local, salienta Nalanda, a situação mudou totalmente. Ela afirma que os colegas de cárcere se sentem mais seguros. Eles podem andar pelos corredores, sentar e ficar conversando, sem que ninguém os force a se esconder  nos dias de visitas. Na ala, estão 36 presos (a capacidade é para 43), a maioria casais. Nesse grupo, muitos se dedicam ao artesanato ou a lavar roupas para outros detentos do Presídio Central. “No pátio, que agora podemos ir sem medo, jogamos futebol”, assegura o detento. “Aqui no pavilhão H melhorou muito, não somos mais oprimidos apenas pela nossa opção sexual.”

O mesmo pensamento tem Thaís, um travesti de 22 anos, que foi preso sob acusação de tráfico de drogas. Ele já está no final da pena e espera para breve a libertação. O detento também lembra do tempo em que era considerado algo repulsivo, que tinha que ficar escondido, para que os outros não vissem. Se não fizessem isso, com certeza sofreriam algum tipo de agressão física. “Era muito triste ter que me esconder, apenas porque não me aceitavam como ser humano”, lamenta. “Agora, ando pelo pátio livremente.”

 Foto: Tarsila Pereira 

Para Marceli Malta, da Associação dos Travestis do RS, o espaço inaugurado é lugar de liberdade. “Elas (travestis) estão aqui para pagar pelos seus crimes”, disse. “Mas, também para cumprir a pena com dignidade e sem torturas”, salienta.

Fonte: Site Correio do Povo

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