Exemplos como esses, de acolhimento às vítimas desse crime –
em sua maioria mulheres, crianças e transexuais – serão tema do Simpósio
Internacional para o Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, promovido pelo
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em parceria com o Tribunal de Justiça de
Goiás (TJGO), dias 14 e 15 de maio, em
Goiânia. Ao todo, serão nove paineis em que autoridades brasileiras e
estrangeiras discutirão temas como ações de repressão; experiência dos
organismos internacionais; novas rotas do tráfico humano e necessidade da
mudança na legislação brasileira. Veja aqui a programação.
Segundo o relatório sobre tráfico elaborado em 2010 pelo
Ministério da Justiça, 70 pessoas apresentaram indícios de terem sido
exploradas pela rede de tráfico internacional nos últimos anos; desses, 49 eram
mulheres; 16 eram transexuais e cinco eram homens. Goiás tem sido o Estado com
maior número de pessoas nessas condições, mas também se destacam nesse ranking
negativo Rio de Janeiro, Pará e Minas Gerais. Para o procurador da República no
estado de Goiás, Daniel de Resende Salgado, há tráfico humano onde há
vulnerabilidade socioeconômica.
“Não há dúvida de que pessoas em situação de miséria, de
fome e de falta de educação correm o risco de se jogarem em uma jornada
perigosa pela falta de melhor perspectiva”, afirmou o procurador, que é membro
da Associação Ibero-Americana de Ministérios Públicos (AIAMP) contra o tráfico
de pessoas.
Vítimas sentem-se responsáveis – Este ano, além das duas
mulheres, o NETP – instituição composta por instituições do governo e da
sociedade civil de combate ao tráfico – encaminhou para abrigamento um
brasileiro homossexual resgatado da Itália e uma jovem vinda da Espanha. O
rapaz está em uma instituição goiana pertencente à rede de enfrentamento ao
tráfico de pessoas sendo tratado de esquizofrenia refratária. Já a mulher
preferiu não manter contato com a instituição por vergonha da família.
“Assim como elas não imaginam as reais condições de vida que
terão de viver, as famílias também imaginam que elas tiveram uma vida de
respeito, com bons salários. Sem contar que a experiência do tráfico é algo tão
traumático que elas costumam voltar ao Brasil muito debilitadas e apresentando
distúrbios psiquiátricos como depressão, ansiedade, tendência ao suicídio, além
de doenças como HPV, AIDS, tuberculose”, diz Nelma Pontes, coordenadora do
Núcleo goiano.
O simpósio ocorrerá no auditório da Associação dos
Magistrados do Estado de Goiás e será transmitido via Internet por meio de um
hotsite, em fase de elaboração. A abertura será às 9 horas de 14 de maio.
Fonte: Agência CNJ de Notícias
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