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quarta-feira, outubro 17

DNA e cortes no corpo de Matsunaga motivam novo inquérito


Os cortes feitos durante o esquartejamento do corpo de Marcos Matsunaga, empresário assassinado em maio, e o material biológico coletado no apartamento onde ocorreu o crime levaram a Promotoria a pedir à Polícia Civil a abertura de novo inquérito sobre o caso. Segundo as investigações do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), a mulher do diretor da Yoki, Elize Matsunaga, foi a autora do crime.

Ocorrido em 19 de maio, o crime teria sido motivado pela descoberta da infidelidade de Marcos. Para a acusação, Elize também queria ficar com um seguro de vida da vítima. A defesa da acusada alega que ela só atirou após ter sido agredida pelo marido.

Como adiantou o G1 na tarde desta quarta-feira (17), o promotor do caso, José Carlos Cosenzo, entrou com o pedido por considerar que uma pessoa, além da viúva, participou do desmembramento da vítima. “Os cortes feitos no abdômen foram feitos por quem tem pleno conhecimento de anatomia”, disse Cosenzo. “Já os cortes superiores são diferentes.”

Isso evidenciaria que Elize mentiu ao afirmar que agiu sozinha na tentativa de ocultar o cadáver, segundo Cosenzo. O promotor afirmou que desconfiava desde o início dessa possibilidade ao levar em conta o tamanho franzino da acusada e a força necessária para o esquartejamento.

O advogado de Elize, Luciano Santoro, disse considerar “excelente” o pedido de novo inquérito. “Mostra a tentativa desesperada do promotor de manter em pé a tese de premeditação.” Segundo o defensor, apenas com a terceira pessoa no apartamento o representante do Ministério Público consegue provar que a acusada pretendia matar o marido.

Faca

Na opinião do promotor, o equipamento que a ré afirma ter usado também não condiz com os cortes feitos no abdômen. “Ela diz que usou uma faca de cerâmica de 30 centímetros, mas o corte inferior aparentemente foi feito por material mais preciso, como um bisturi.”

O advogado de Elize contesta essa conclusão. “Quando ela segmentou o corpo, ele não estava totalmente desnudo.” Segundo Santoro, sua cliente tirou a calça da vítima para fazer as secções inferiores. Para cortar os membros superiores, porém, não conseguiu retirar a sua camiseta, o que teria causado as diferenças gritantes entre os cortes.

DNA

A tese do promotor ganhou força com a conclusão de perícias feitas após o crime. Especialistas do Instituto Médico-Legal (IML), da Polícia Técnico-Científica, informaram que foi encontrado material genético masculino no imóvel dos Matsunaga diferente do de Elize e de Marcos.

O exame de DNA chegou ao conhecimento do Ministério Público no mês passado. No documento, a perita Roberta Casemiro da Rocha Hirschfeld escreve que em um dos cotonetes com as amostras coletas no apartamento há “um perfil genético compatível com uma mistura de material genético de no mínimo dois indivíduos, sendo ao menos um deles do sexo masculino”.

A perita completa que “nestes perfis, não foi observado relação de verossimilhança dos alelos neles presentes e os alelos presentes no perfil genético obtido do sangue da vítima Marcos Kitano Matsunaga, estando este excluído como possível gerador destas amostras.”

Apesar de a perícia ter respondido à Promotoria que é impossível precisar a data na qual o material foi deixado na residência, ela também relatou que não se pode excluir da cena do crime nenhuma pessoa que passou pelo local antes, durante e depois do assassinato.

O promotor diz não ter dúvidas de que Elize matou sozinha Marcos. O novo inquérito quer justamente verificar se alguém ajudou a cortar o corpo e a escondê-lo. Para isso, o promotor pediu 40 novas diligências técnicas, periciais e testemunhais.

Cosenzo acrescentou que o material coletado no apartamento é suficiente para confrontar com o DNA de suspeitos.

Apuração

As babás e o marido de uma dessas funcionárias teriam sido as últimas pessoas a estarem na residência dos Matsunaga, na Zona Oeste, antes do assassinato. Em seus depoimentos ao DHPP, na condição de averiguados, os três negaram qualquer envolvimento na morte do patrão.

O diretor do DHPP, Jorge Carrasco, não foi localizado nesta quarta para comentar o assunto. Quando foi questionado no mês passado sobre a possibilidade de a Promotoria pedir uma nova investigação por suspeitar que Elize pudesse ter sido ajudada no crime, ele havia dito que instauraria o inquérito. Mas, baseando-se na investigação e laudos periciais, inclusive o da reconstituição do crime, Carrasco entendia que a bacharel continuava sendo a única suspeita do crime e que agiu sozinha.

 “A polícia entende que ela agiu sem nenhuma ajuda. As próprias imagens do circuito interno de câmeras de segurança do prédio mostram somente ela saindo com as malas onde estavam os pedaços do corpo da vítima. Por enquanto não há elementos que apontem a participação de outra pessoa”, disse o diretor ao G1 em 4 de setembro.

Sigilo negado

Os defensores dos interesses da família de Marcos chegaram a pedir à Justiça sigilo no processo, mas a solicitação foi negada. A alegação dos advogados se baseava no fato de que as fotos da autópsia do corpo da vítima vazaram na internet, causando constrangimento aos parentes.

Quase cinco meses após a bacharel em direito Elize Araújo Kitano Matsunaga ter sido presa preventivamente ao confessar que matou e esquartejou sozinha o marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, o Ministério Público de São Paulo recebeu explicações sobre o exame de DNA feito no apartamento do casal.

Fonte: Site G1

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