O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), cobrou punição aos policiais envolvidos com traficantes e apelou para o Poder Judiciário para que esses homens sejam mantidos foram das corporações das quais são expulsos. As declarações foram dadas hoje, após solenidade de assinatura de convênios com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que informou que a Polícia Federal também está mobilizada para identificar e deter policiais envolvidos com traficantes e outros desvios de conduta.
Cabral acusou os agentes que protegem ou que fazem negócios com bandidos de ajudar a matar 'colegas sérios que estão combatendo o crime'. O governador fez essas declarações ao ser questionado sobre as revelações do depoimento dado à Polícia Federal por Antônio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico da Rocinha e que foi preso no fim da noite de quarta-feira.
Reportagem publicada na edição de hoje do jornal 'O Globo' informa que o traficante disse à PF que entregava a policiais metade do que faturava com a venda de entorpecentes. A Secretaria de Estado de Segurança estima que a quadrilha de Nem faturava em torno de R$ 100 milhões por ano na Rocinha.
'Acho que tudo tem que ser investigado. Se for comprovado isso, os responsáveis têm que ser presos imediatamente, responder a processo disciplinar e penal', disse Cabral. 'A coisa é tão cruel porque eles estão matando os próprios colegas. Aqueles colegas que verdadeiramente estão se dedicando a enfrentar o crime organizado', afirmou o governador, ressaltando, no entanto, acreditar que apenas uma pequena parte dos policiais se corrompe.
Cabral lembrou que muitos agentes processados por desvio de conduta e expulsos das polícias Militar e Civil acabam sendo reincorporados a partir de liminares concedidas pela Justiça.
Ele acredita que o assassinato da juíza Patricia Acioly, morta por policiais que participavam de grupos de extermínio em agosto, deve fazer com que os magistrados passem a atuar de maneira diferente nesses casos.
'A partir do caso Patrícia, eu acho que a Justiça passou a enxergar de uma outra maneira. Porque muitas vezes o cidadão é expulso da PM, é expulso da Polícia Civil, mas consegue uma liminar para as vezes até voltar para a corporação', disse o governador. 'Expulsar um policial corrupto ou por má conduta é uma dificuldade. Um delegado, caso se comprove a participação de algum delegado, é uma dificuldade. A Justiça tem que nos ajudar também cada vez mais, como já tem nos ajudado'.
Ocupação
O ministro da Justiça confirmou que 'todos os recursos necessários' serão disponibilizados ao governo do Rio para a operação e ocupação das favelas da Rocinha e do Vidigal, prevista para este fim de semana. José Eduardo Cardozo também confirmou que os presídios federais deverão receber os bandidos de 'alta periculosidade' que o governo do Rio quiser enviar.
'Os presídios federais estão abertos para receber as pessoas que forem de alta periculosidade. Ou seja, nós temos quatro presídios de segurança máxima e temos vagas para receber todos aqueles que de alta periculosidade forem presos nessas operações', disse o ministro.
Fonte: O Estadão
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