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terça-feira, setembro 25

Lançamento de obras de direito penal atrai magistrados, juristas e autoridades ao STJ


Três importantes obras na área do direito Penal atraíram, nesta terça-feira (25), a comunidade jurídica de Brasília ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). A editora espanhola Marcial Pons lançou no Espaço Cultural STJ os livros Teoria dos Crimes Omissivos, de Juarez Tavares, Decisão judicial: a cultura jurídica brasileira na transição para a democracia, de Geraldo Prado, Rui Cunha Martins e Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Carvalho, e Direito Penal como Crítica da Pena, organizado por Luís Greco e Antonio Martins em homenagem aos 70 anos do professor Juarez Tavares, completados no mês passado.

O presidente do STJ, ministro Felix Fischer, conhece Juarez Tavares desde 1974, quando era promotor em Londrina (PR) e o professor regressava da Alemanha. “Desde então nos tornamos amigos. É um motivo de orgulho”, conta. O presidente do STJ avalia que Tavares está entre os três maiores penalistas brasileiros, inclusive com livros publicados no exterior. “A obra inteira dele é fantástica. Ele foi, de certa forma, quando chegou da Alemanha, um orientador para mim em matéria de doutrina”, diz o ministro.

Juarez Tavares é pós-doutor pela Universidade de Frankfurt, professor titular de direito penal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e professor convidado das Universidades de Buenos Aires, Frankfurt e Sevilha (Pablo d’Olavide). Foi membro do Ministério Público Federal de 1982 a agosto de 2012, quando se aposentou no cargo de subprocurador-geral da República.

Ele conta que a obra Teoria dos Crimes Omissivos é uma crítica dos fundamentos da norma que institui os delitos omissivos. Segundo o professor, a teoria dos crimes omissivos está inserida num fenômeno da pós-modernidade: a expansão de deveres de organização. Com ela, são construídas normas penais criminalizadoras de determinadas omissões.

“Portanto, é preciso que se trace uma teoria dos crimes omissivos capaz de estabelecer critérios para delimitar essa expansão”, explica. A obra se dedica a verificar como esses critérios podem ser traçados e quais são os fundamentos que podem estabelecer uma legitimidade ou deslegitimação de uma norma impositiva de deveres.

Por trás da decisão

O desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) Geraldo Prado, coautor da obra coletiva Decisão judicial: a cultura jurídica brasileira na transição para a democracia, disse que o livro aborda a estruturação interna da decisão judicial, com enfoque na ciência política.

“A obra traz um exame racional da decisão, quais elementos compõem a decisão e o que está acontecendo com a decisão judicial no Brasil desde 1988, com o vigor da nova Constituição. Será que estamos num patamar de decisões judiciais justificáveis à luz dos critérios do estado de direito? O que devemos fazer para alcançar esse patamar de excelência? O que devemos deixar para trás?”, comentou sobre o viés do livro.

Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Carvalho, coautor da obra, e também desembargador aposentado do TJRJ, destacou que o trabalho procurou desvendar o processo que guia a decisão judicial, os fatores que a influenciam, especialmente os não jurídicos, as influências que não são demonstradas no plano objetivo. “Influências que mais se situam no subconsciente do que no consciente do julgador”, disse. O estudo é feito com apoio da psicanálise e da psicologia.

“O julgador parte da hermenêutica jurídica, mas é possível que haja fatores que afloram no julgador por estarem no inconsciente e surgem na decisão, para o bem ou para o mal”, ressaltou. Isso pode determinar a justiça ou a injustiça de uma decisão, comentou Grandinetti. “É preciso que o julgador esteja atento para o fato de a decião ser parte consciente e parte inconsciente”, concluiu.

O livro-homenagem Direito Penal como Crítica da Pena contém 46 artigos sobre diversos temas de direito penal, tratados por juristas de renome nacional e internacional. Entre os articulistas estrangeiros se destacam Claus Roxin, Winfried Hassemer, Bernd Schünemann, Wolfgang Naucke, Luigi Ferrajoli, Francesco Palazzo, Raúl Zaffaroni, Raúl Cervini, José Luís Diez Ripolles, Francisco Muñoz Conde e Miguel Bajo Fernandes.

Escrevem também juristas nacionais de relevo, como Miguel Reale Júnior, a ministra do STJ Maria Thereza de Assis Moura, Juarez Cirino dos Santos e Luiz Regis Prado.

Obras de quilate

O ministro Luis Felipe Salomão atua na área de direito civil, o que não o impediu de prestigiar o evento. Ele disse que o lançamento que se deu no STJ é de grande importância para as letras jurídicas. “O Tribunal da Cidadania, com obras desse quilate, se engrandece”, comentou.

Para o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, o debate da doutrina revela a necessidade que o Brasil tem de fazer evoluir suas instituições. “O direito brasileiro está sempre em evolução. O debate que é promovido por doutrinadores de alto calibre, como o professor Juarez Tavares, dá uma qualidade muito grande a isso”, disse.

Adams avaliou que o STJ, quando promove o lançamento de livros, potencializa o debate e oferece aos operadores do direito um espaço em favor da qualificação e da melhoria do sistema jurídico, particularmente da compreensão do direito penal, tema tratado nos lançamentos.

Estímulo à doutrina

O presidente da Sexta Turma do STJ, ministro Og Fernandes, comemorou que o STJ tem se caracterizado por não ser apenas um tribunal de fixação de jurisprudência. “Há um âmbito cultural que já virou uma tradição dessa Casa, no sentido de lançar os melhores trabalhos feitos na área do direito”, afirmou.

Para o ministro, com isso, o STJ estimula a doutrina, já que a Casa está sempre de braços abertos para novas obras. O ministro Og ressaltou a importância de uma editora internacional, como a Marcial Pons, privilegiar o debate do direito brasileiro no espaço doutrinário.

O ministro Sebastião Reis Júnior, também integrante da Sexta Turma, lembrou a importância do lançamento de obras relativas ao direito penal, num momento em que se discute no Congresso Nacional um novo Código Penal. “Obras dessa qualidade, dessa profundidade, são sempre muito bem-vindas, seja para ajudar não só aqueles que vão elaborar essas novas leis, como também a nós, magistrados, que vamos aplicá-las”, salientou.

Fonte: Site do STJ

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