Promotor João Beltrame detalhou o esquema criminoso. À direita, Dr. Marcelo Dornelles |
Seis pessoas presas e 11 automóveis, um grande número de computadores e farta documentação apreendidos. Este é o saldo da “Operação Rousseau II/Recall”, desencadeada nos Vales do Rio Pardo e Taquari pelo Ministério Público, Polícia Civil e Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RS) na manhã desta quarta-feira, 8. O objetivo foi desbaratar uma quadrilha que atuava adulterando a documentação de veículos com perda total, adquiridos em leilões de seguradoras em São Paulo, e revendidos no Rio Grande do Sul por preços elevados.
No final da manhã, durante coletiva na Câmara de Vereadores de Sobradinho, os detalhes da ação foram repassados à Imprensa. Participaram da entrevista o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Marcelo Dornelles; o promotor de Justiça de Sobradinho João Afonso Silva Beltrame; o presidente do Detran, Alessandro Barcellos; e o diretor do Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos da PC, delegado Emerson Wendt; além de outros integrantes da corporação.
Todos os envolvidos na fraude já haviam sido denunciados no final de janeiro pelo Ministério Público pelos crimes de formação de quadrilha, inserção de dados falsos em sistemas de informações, falsidade ideológica, corrupção ativa e corrupção passiva. São eles: Dimitryos Helmann Klug, João Baptista dos Santos Neto, Édison Scheid, Mauri Adriano Seibert, Célio Fernando Pündrich, Joel Grizotti, Luciano Mânica e Peterson Hoss.
Conforme o promotor João Beltrame, seis dos integrantes do esquema criminoso compravam carros em leilões no estado de SP por valores de mercado para veículos com perda total. No Centro de Registro de Veículos Automotores (CRVA) do município de Passa Sete, vizinho a Sobradinho, os automóveis eram “esquentados” pelos outros dois denunciados, João Baptista dos Santos Neto e Dimitryos Klug, que recebiam valores entre R$ 250 a R$ 300 por unidade. Assim, a restrição contida no campo de observações do Certificado de Registro de Licenciamento de Veículo (“veículo decorrente de sinistro ou simplesmente sinistrado ou recuperado conforme Certificado de Segurança Veicular número tal") era retirada. Na sequência, os automóveis eram reformados e revendidos sem qualquer referência ao problema contido.
“O lucro desses criminosos girava entre 170% e 240% na hora da venda. Automóveis adquiridos por R$ 8 mil, por exemplo, eram repassados, depois de serem esquentados e chapeados, por R$ 30 mil”, explica João Beltrame. Outro dado curioso apontado pelo Promotor é que 98% dos veículos eram Toyota Corolla. “Alguns dos envolvidos eram donos de oficinas e tinham facilidade e habilidade especial para lidar com esse modelo”, detalha.
PARCERIA
Durante a coletiva, o Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais destacou a parceria entre Ministério Público, Polícia Civil e Detran, fundamental para o sucesso da operação. “Nossa presença aqui também é para prestigiar e parabenizar o colega João Beltrame pelo excelente trabalho desenvolvido. Já há notícias que fraudes semelhantes a essa ocorrem em outros locais do RS. A sociedade gaúcha pode ter certeza que continuaremos atuando em conjunto para apurar esse fatos em outras regiões”, disse Marcelo Dornelles.
Em sua manifestação, o delegado Emerson Wendt também destacou o trabalho harmonioso com as demais instituições e comemorou o trabalho de repressão qualificado fruto dessa integração. “Isso possibilita a preservação do patrimônio público e da sociedade como um todo”, frisou. Na mesma linha, o presidente do Detran saudou “o novo paradigma da atuação na defesa dos cidadãos gaúchos”. Alessandro Barcellos lembrou, também, que a Operação “Rousseau II/Recall” é um símbolo importante de como as instituições públicas pretendem trabalhar frente a desvios de conduta como esse. Barcellos informou que medidas cautelares em relação aos funcionários do CRVA estão sendo adotadas.
Fonte: Site do MPRS
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