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Advogado Rui Pimenta na saída da Penitenciária
Nelson Hungria. (Foto: Humberto Trajano/G1 MG)
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O advogado Rui Pimenta, que defende o goleiro Bruno
Fernandes, disse ao G1 nesta segunda-feira (9) que a carta escrita por seu
cliente a Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e divulgada pela revista
"Veja" neste fim de semana, representa o término de uma relação de
amizade.
"A carta poderia ser o término de um relacionamento
sexual, eu pensava isso. Mas ficou claro que a carta era dentro do âmbito da
amizade depois de conversar com o Bruno", afirmou Pimenta, que, em
entrevista ao jornal "O Estado de S.Paulo", havia dito que a carta
tratou sobre um relacionamento homossexual entre Bruno e Macarrão e que ambos
tiveram um "claro caso de amor".
Pimenta diz que mudou de ideia depois de se reunir com o
atleta nesta segunda na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região
Metropolitana de Belo Horizonte, onde o jogador está preso há dois anos. Bruno
é acusado do homicídio de Eliza Samúdio, sua ex-namorada, e Macarrão também
responde pelo crime.
De acordo com a polícia, a modelo foi morta em junho de
2010. Ela foi vista pela última vez no sítio do goleiro Bruno, na Região
Metropolitana de Belo Horizonte. O corpo nunca foi localizado (ao final da
reportagem, leia um histórico do caso).
Na carta divulgada pela revista "Veja", Bruno pede
a Macarrão para usar o "plano B", que, segundo a reportagem, seria
assumir a culpa sozinho pela morte. O plano A seria, segundo a revista, negar o
crime. Na carta, Bruno diz que conversou com advogados e que, diante das
descobertas do processo, "a melhor forma de resolver isso é usando o plano
B".
O advogado diz que Bruno confirmou ter escrito a carta.
Segundo Rui Pimenta, Bruno teria uma certa mágoa em relação a Macarrão.
Ele diz que o goleiro jamais teria autorizado que o amigo,
que à época era também empregado do atleta, arquitetasse a morte de Eliza
Samudio. Ainda segundo o advogado, Bruno acredita que ainda está preso porque
Macarrão não assumiu o crime.
Homossexualidade
Apesar de agora avaliar que a a carta fala sobre amizade,
Pimenta afirma que, após a reportagem publicada pela "Veja", fica
evidente que a convivência entre Bruno e Macarrão extrapola a área do
sentimento.
"A 'Veja’ me fez acreditar na homossexualidade através
dessa notícia”, afirmou Pimenta. Além de trazer uma mensagem em que Bruno pede
a Macarrão que assumisse a culpa pela morte de Eliza Samudio, o texto faz
referência a um vídeo gravado pela ex-modelo.
As imagens, segundo a reportagem, mostram uma cena de sexo
em que os três participariam.
De acordo com Pimenta, a relação entre o dois nunca foi, de
fato, esclarecida.
Entretanto, ele acredita que a aproximação entre Bruno e
Macarrão, que foram criados juntos e que sempre
trocaram confidências, pode culminar em um envolvimento sexual. Apesar
das declarações do advogado, o próprio Pimenta disse que Bruno nunca falou com
ele sobre algum envolvimento sexual com Macarrão.
À pergunta "O senhor desmente a hipótese de que era uma
carta para romper o relacionamento sexual?", Rui Pimenta respondeu que
"o relacionamento sexual não está somente dentro carta. Ele está na
própria reportagem da 'Veja', quando diz lá que Eliza Samudio gravou um filme
aonde tinham relação sexual os três. Então você daí vê que a homossexualidade
já existia no filme que eles gravaram.
Pimenta ainda levanta outra hipótese para a morte de Eliza,
que teria sido causada por um "sentimento" que Macarrão poderia ter
em relação a ela. "Quer dizer, se eles participavam de uma zorra
sexualmente, evidente que o Macarrão também sentia algum sentimento por Eliza
Samudio não é verdade? Que se ele 'tava' lá também contribuindo com o ato essa
coisa toda, existia também um envolvimento sentimental dele com Eliza samudio.
De repente ele era também apaixonado por Eliza samudio e pode ter matado por
vingança", falou.
Procurado pelo G1, o advogado de Luiz Henrique Ferreira
Romão, Leonardo Diniz, disse que não vai se pronunciar sobre a reportagem
publicada pela revista. Sobre a possibilidade da existência de um
relacionamento sexual entre Bruno e Macarrão, o advogado disse que "é um
devaneio, é um absurdo infundado. É uma história funesta. Não tem respaldo
nenhum. O Luiz Henrique tinha uma relação profissional com o Bruno".
Carta
Os defensores Rui Pimenta e Francisco Simim visitaram o
jogador nesta manhã na Penitenciária Nelson Hungria, quando o jogador confirmou
a autoria e explicou o teor da mensagem.
"O que o Bruno quis ressaltar é que assumir o 'plano B'
era uma obrigação do Macarrão, porque o Macarrão havia traído Bruno quando
sumiu com a Eliza", justificou Pimenta. Segundo o advogado, Eliza foi
morta sem o consentimento do jogador. Pimenta alega que a carta foi redigida em
novembro do ano passado e veio a público com o final apagado, dando margem a
distorções.
Ele afirmou ao G1 que, no trecho final Bruno disse ter
escrito: "Macarrão, você tem realmente que assumir este crime porque eu
não posso pagar por sua traição. Eu não mandei você sumir com a Eliza",
relatou.
A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que
a carta escrita pelo goleiro não consta
nos registros de correspondências enviadas e recebidas por detentos da
Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo
Horizonte.
De acordo com a Seds,
o atleta disse, em depoimento na unidade prisional nesta segunda, que pediu
para outro preso entregar a mensagem ao amigo. A Seds informou ainda que a
penitenciária dará continuidade ao procedimento de apuração para checar como a
carta saiu da unidade prisional. As informações levantadas serão remetidas à
Justiça.
Caso Eliza Samudio
O goleiro Bruno Fernandes e mais sete réus vão a júri
popular no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio,
ex-namorada do jogador. Para a polícia, Eliza foi morta em junho de 2010 na
Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o corpo nunca foi encontrado. Em
fevereiro de 2010, a jovem deu à luz um menino e alegava que o atleta era o pai
da criança. Atualmente, o menino mora com a mãe de Eliza, em Mato Grosso do
Sul.
O goleiro, o amigo Luiz Henrique Romão – conhecido como
Macarrão –, e o primo Sérgio Rosa Sales vão a júri popular por sequestro e
cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Sérgio responde ao processo em liberdade.
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, também
está preso e vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado
e ocultação de cadáver.
Dayanne, ex-mulher do goleiro; Wemerson Marques, amigo do
jogador, e Elenílson Vítor Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas, respondem
pelo sequestro e cárcere privado do filho de Bruno. Já Fernanda Gomes de
Castro, outra ex-namorada do jogador, responde por sequestro e cárcere privado
de Eliza e do filho dela. Eles foram soltos em dezembro de 2010 e respondem ao
processo em liberdade. Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi
inocentado.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), não há
previsão de data para o julgamento do caso Eliza Samudio.
Fonte: Site G1
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