(Tabela mostra dados dos Estados - Detalhe: RS) |
A nova população carcerária brasileira é de 715.655 presos.
Os números apresentados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a
representantes dos tribunais de Justiça brasileiros, nesta quarta-feira (4/6),
levam em conta as 147.937 pessoas em prisão domiciliar. Para realizar o
levantamento inédito, o CNJ consultou os juízes responsáveis pelo monitoramento
do sistema carcerário dos 26 estados e do Distrito Federal. De acordo com os
dados anteriores do CNJ, que não contabilizavam prisões domiciliares, em maio deste
ano a população carcerária era de 567.655.
“Até hoje, a questão carcerária era discutida em
referenciais estatísticos que precisavam ser revistos. Temos de considerar o
número de pessoas em prisão domiciliar no cálculo da população carcerária”,
afirmou o supervisor do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema
Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF/CNJ),
conselheiro Guilherme Calmon.
A prisão domiciliar pode ser concedida pela Justiça a presos
de qualquer um dos regimes de prisão – fechado, semiaberto e aberto. Para
requerer o direito, a pessoa pode estar cumprindo sentença ou aguardando
julgamento, em prisão provisória. Em geral, a prisão domiciliar é concedida a
presos com problemas de saúde que não podem ser tratados na prisão ou quando
não há unidade prisional própria para o cumprimento de determinado regime, como
o semiaberto, por exemplo.
Provisórios – Além de alterar a população prisional total, a
inclusão das prisões domiciliares no total da população carcerária também
derruba o percentual de presos provisórios (aguardando julgamento) no País, que
passa de 41% para 32%. Em Santa Catarina, a porcentagem cai de 30% para 16%,
enquanto em Sergipe, passa de 76% para 43%.
“A porcentagem de presos provisórios em alguns estados
causava uma visão distorcida sobre o trabalho dos juízos criminais e de
execução penal. Quando magistrados de postura garantista concediam prisões
domiciliares no intuito de preservar direitos humanos, o percentual de presos
provisórios aumentava no estado”, disse o coordenador do DMF/CNJ, juiz Douglas
Martins.
Ranking – Com as novas estatísticas, o Brasil passa a ter a
terceira maior população carcerária do mundo, segundo dados do ICPS, sigla em
inglês para Centro Internacional de Estudos Prisionais, do King’s College, de
Londres. As prisões domiciliares fizeram o Brasil ultrapassar a Rússia, que tem
676.400 presos.
Déficit – O novo número também muda o déficit atual de vagas
no sistema, que é de 210 mil, segundo os dados mais recentes do CNJ.
“Considerando as prisões domiciliares, o déficit passa para 358 mil vagas. Se
contarmos o número de mandados de prisão em aberto, de acordo com o Banco
Nacional de Mandados de Prisão – 373.991 –, a nossa população prisional
saltaria para 1,089 milhão de pessoas”, afirmou o conselheiro Guilherme Calmon.
Consulte relatório completo clicando AQUI.
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