A notícia veiculada ontem sobre a presença do jogador de futebol Vagner Love em uma festa na Favela da Rocinha, no mês passado, dividindo espaço com pessoas – possivelmente traficantes - fortemente armadas e, inclusive, o suposto chefe do tráfico naquela região carioca, chamou atenção da polícia que – fiquei sabendo agora – vai intimar o jogador para explicar o que ele fazia naquele baile.
Desperta-me atenção que a polícia chame o jogador para dar explicações. Mas o contrário também não deveria ocorrer? Não seria indicado e adequado que a polícia explicasse à sociedade sobre como essas armas alcançam esses cidadãos? E porque eles circulam com freqüência nas favelas cariocas mostrando o seu poderio armado?
Ora, a fala do jogador Vagner Love, quando entrevistado, foi óbvia. Não era de se esperar que ele dissesse outra coisa. O jogador mencionou que sempre viveu e conviveu na Rocinha, freqüentando seus ambientes, suas festas e baladas. Ele não tem responsabilidade sobre o que acontece por lá.
Poderia ter dito, também, que esse problema é da polícia, e das instâncias formais que pouco tem feito, ou tem mal feito o seu serviço.
Porém o jogador vai precisar explicar aquilo que algumas imagens retratam: ele sendo ‘escoltado’ por indivíduos armados, inclusive alguns que foram mortos, na quinta feira passada, em um conflito com a polícia, reconhecidamente traficantes da Rocinha.
Pelo que se sabe, pelo menos uma vez por semana centenas de pessoas se divertem na Rocinha, muitas delas convivendo com o tráfico, e com traficantes que, como se viu, estão fortemente armados. As imagens que a televisão disponibiliza mostram os indivíduos portando armas, divertindo-se ao som da música ‘funk’.
Eu fiquei pensando nesse episódio, e o que ele nos mostra, ou indica.
A fala do jogador, simplista, minimiza os acontecimentos. Isso é certo. Mas a postura da polícia, diante daquelas imagens que foram feitas por câmeras escondidas, demonstra certa derrota, e confirma a dificuldade de combater o tráfico de drogas e de armas nos morros cariocas. Isso, por enquanto, é inegável.
A força belicosa do crime organizado no Rio é inversamente proporcional ao poderio bélico da polícia carioca. Houvesse equilíbrio armado, a guerra estaria implantada no Rio de Janeiro. Ou já está?
Bazucas, metralhadoras, fuzis e pistolas automáticas, aliadas a uma força aguerrida e destemida dos líderes do tráfico, intimidam a ação policial. Eu não tenho dúvidas disso.
A polícia pede explicações ao jogador, mas não se sente obrigada a explicar. Isso, para mim, evidencia a ruína.
Por outro lado, o incremento da atuação policial nos morros cariocas nos últimos tempos, em face de investimentos feitos pelo Estado em segurança pública, ainda se mostra insuficiente.
Quem vencerá essa guerra? E ela terá fim? A que preço? A que custo? Eis as perguntas que não querem calar...
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