O Ministério Público Estadual decidiu apresentar aos gaúchos uma inovação que promete ampliar o cerco a uma das principais chagas do país. O recém-criado Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) intensificará a ação contra as quadrilhas, com núcleos espalhados pelo Estado e apoio da polícia e do sistema de escutas
Criminosos e corruptos tremei. Esse é, sem firulas, o recado dos promotores de Justiça gaúchos ao anunciar a criação de duas novas repartições. Uma delas é o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que terá núcleos espalhados pelas principais cidades do Estado, descentralizando a investigação de quadrilhas. A outra unidade lançada é a Promotoria Especial de Patrimônio Público e Improbidade, que vai cuidar exclusivamente de administradores negligentes, imprudentes, imperitos ou chegados numa propina.
A principal novidade é o Gaeco, porque terá abrangência estadual. Ao contrário de outras experiências de combate ao crime organizado – como as Promotorias Especializadas Criminais, ainda em atuação –, o Gaeco nasce descentralizado. Ele será estruturado em núcleos que contarão com promotores especializados nas principais cidades gaúchas, a começar por Caxias do Sul, Passo Fundo e Santa Maria. É provável que Pelotas e Canoas também ganhem representantes. A prioridade será o combate a quadrilhas que envolvam funcionários públicos (a lei define crime organizado como aquele do qual participa servidor público).
O Gaeco contará, para as investigações, com o apoio de dois grupos já existentes no Ministério Público. Um deles é o Núcleo Integrado de Investigações Criminais (Niic), composto de policiais militares e civis, a serviço de promotores. O outro é o Laboratório de Lavagem de Dinheiro, formado por servidores do Ministério Público que fizeram, no Ministério da Justiça, curso sobre disfarces na aplicação de fortunas acumuladas ilegalmente.
– Tenho certeza que dará certo. Estamos nos adequando a uma diretriz do Conselho de procuradores-gerais de Justiça, que prega a descentralização do combate ao crime organizado. Vamos fazer mais, com os mesmos recursos – comemora a procuradora-geral de Justiça, Simone Mariano da Rocha.
Simone se diz aliviada, porque outros Estados já têm Gaeco, como São Paulo, Paraná e Bahia. Repetindo essas experiências, o Gaeco gaúcho selecionará promotores experientes em cada região do Interior para trabalhar só com crime organizado. Eles serão orientados sobre como atuar com o Guardião (sistema de escutas telefônicas) e a requisitar sem hesitações o apoio das polícias Civil e Militar.
O coordenador do Gaeco será o promotor Fabiano Dallazen, que hoje encabeça o Centro de Apoio Criminal do Ministério Público. Ele resume a diferença entre a nova unidade e tudo que era feito até agora.
– Hoje o reforço para um promotor que atua contra o crime organizado vem de Porto Alegre, quando vem. Agora esse promotor será o reforço na sua própria região, já que conhece o pessoal da sua .aldeia – compara
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