Em pouco mais de um ano a quadrilha movimentou R$ 120 milhões. O grupo ainda lavava dinheiro para traficantes de outros estados, entre eles: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rondônia.
Um esquema de lavagem do dinheiro do tráfico foi desmontado pelos promotores que combatem o crime organizado em Mato Grosso do Sul. Uma quadrilha criou empresas fantasmas, abriu conta em banco e investiu o dinheiro das drogas na compra de bens em pelo menos quatro estados brasileiros.
O Jornal Hoje teve acesso, com exclusividade, a gravações telefônicas autorizadas pela justiça que revelam em detalhes como funcionava esse esquema.
Luis: tira pelo menos um cem mil cada um pra gente gastar hoje.
Oscar - maravilha!
Oscar: seguinte, cara! Eu acho que vou passar muitas contas hoje que tem muito saldo em todas as contas.
Luis: Ta bom! Não tem problema, amigão. Manda bala.
Oscar: tem 130 (mil reais) no Conti, 300 (mil reais) no Souelo e quase 300 (mil reais) na Arf.
Conti, Souelo e Arf são três das 30 empresas fantasmas criadas por uma quadrilha para lavar o dinheiro do tráfico. Para dar origem legal ao dinheiro, os bandidos contratavam até funcionários de bancos privados.
Luis - encontrei o gerente na fila do banco e ele falou - "o Márcio vamos conversar ali no canto". Eu expliquei pra ele que eu estava querendo abrir uma conta, e que eu tinha até uma ali, mas o gerente é muito ruim. Eu falei: eu trabalho com importação, só que um pouco é papel, outro pouco é documento. Falei: é meio lavagem mesmo, e ele disse "não, vem ai, vem ai que quem sabe eu te dou uma força".
Oscar - é melhor...
Luis - é melhor sempre abrir o jogo.
Oscar - é melhor que se você der uma participação se der um BO o cara sempre te avisa antes entendeu.
As investigações também revelaram que as empresas eram criadas com documentos falsos.
Luis: Aí o cara sabe que os documentos que tem lá tudo é frio, é nota fiscal falsa. No cartório, reconhecimento de firma e autenticação falsa, inscrição estadual falsa. Então nosso advogado vai ver lá os pepinos que vai dar e tudo bem.
A quadrilha foi monitorada por 11 meses. Neste período, os investigadores também descobriram que o grupo acumulou uma verdadeira fortuna em bens e imóveis comprados com dinheiro do crime.
Em pouco mais de um ano a quadrilha movimentou R$ 120 milhões. O grupo ainda lavava dinheiro para traficantes de outros estados, entre eles: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rondônia. O Ministério Público quer agora confiscar os bens de todos os envolvidos no esquema.
“Cada vez mais se percebe que o estado tem que se organizar, o estado tem que se aparelhar porque os crimes estão sendo organizados cada vez mais de forma organizada principalmente esse crime de lavagem de dinheiro”, diz o coordenador do Gaeco João Albino Cardoso Filho.
Os envolvidos no crime estão em liberdade. Os envolvidos no esquema criminoso vão responder o processo em liberdade. De acordo com o juiz do caso, todos os envolvidos foram soltos porque têm residência fixa e não apresentam riscos para o andamento do processo.
Fonte: Site G1
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