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terça-feira, fevereiro 8

Magistrados ameaçados de morte em MS vão receber proteção da Polícia Federal


A Polícia Federal (PF) vai fazer a proteção dos juízes de Mato Grosso do Sul ameaçados de morte por um militar preso por tráfico internacional de drogas e armas. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou hoje (7) que vai visitar o estado assim que a PF "tomar as providências necessárias" para garantir a segurança dos magistrados.

"Determinamos a Polícia Federal que dê segurança aos magistrados que estão sendo ameaçados. Isso é fundamental, pois os magistrados têm de ter a segurança necessária para exercer as suas funções. Iremos a Mato Grosso do Sul conversar com o corpo de magistrados para dar, dentro das condições que temos, a maior segurança possível", disse o ministro.

Cardozo se reuniu com o diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello, e o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Gabriel Wedy, na tarde de hoje. Além de pedir proteção aos magistrados, Wedy também solicitou a transferência do bombeiro Ales Marques, que está detido no Presídio Militar de Campo Grande, para uma penitenciária federal de segurança máxima.

Segundo o ministro da Justiça, o pedido de transferência será avaliado com rapidez. "Vamos providenciar a solicitação, isso deve ser apreciado pela própria magistratura. Mas o que depender do Ministério da Justiça, nós vamos tomar as medidas necessárias para a transferência [do acusado] e proteção dos magistrados",
afirmou.

As investigações feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) revelaram que o bombeiro Ales Marques, mesmo preso, arquiteta a morte de juízes federais que atuam nos processos nos quais é acusado de liderar uma quadrilha de tráfico internacional de drogas. Mesmo sob custódia, ele usa celulares livremente.

A PGR também apurou a existência de um esquema de corrupção envolvendo a chefia da escolta de detentos do Presídio Militar de Campo Grande. O presidente da Ajufe afirmou que vai acionar o governo do estado juntamente com o Ministério da Justiça. "Estamos preocupados, mas por outro lado confortados pela garantia que nos foi dada pelo ministro da Justiça."

Segundo Wedy, a descoberta de ameaças aos magistrados do estado decorreu de investigações da PGR e que é importante garantir a segurança deles. "Vamos fazer uma visita junto com o ministro da Justiça e com o diretor-geral da Polícia Federal para Ponta Porã para prestarmos toda atenção e apoio a esses colegas que foram ameaçados."

Ales Marques foi preso em flagrante em julho de 2010 e teve a prisão preventiva decretada em outubro. O Ministério Público Federal denunciou 18 pessoas da quadrilha, inclusive a ex-mulher e os filhos do militar, que também estão presos. Foram apreendidos cerca de 80 quilos de cocaína com a organização criminosa.

A quadrilha atuava para abastecer o mercado de drogas de São Paulo, do Paraná e Rio Grande do Sul. A droga vinha do Paraguai e ingressava no Brasil pela fronteira seca entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã.

Bombeiro traficante, acusado de planejar mortes de juízes, denuncia advogada

O sargento do Corpo de Bombeiros Ales Marques, 50, preso por tráfico de droga, acusado na semana passada pelo MPF (Ministério Público Federal) por conduzir um suposto esquema para matar juízes em Mato Grosso do Sul, denunciou à OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) que sua advogada teria conspirado contra ele. A defensora do militar é quem teria alimentado a ideia do atentado contra os magistrados, insinuou o traficante.

O MPF, por meio de sua assessoria de imprensa, reafirma a denúncia de que o militar teria, sim, planejado a morte de juízes e garante que essa acusação é sustentada por provas contundentes.

Por meio de uma carta endereçada à redação do Midiamax, Marques disse ter assinado uma procuração à defensora dele, Elianizi Gonçalves Gama, dando poderes sobre seus bens e que, desde então, ela o teria abandonado na prisão. A suposta trama manipulada pela advogada teria tido início após o bombeiro buscar ajuda de outro advogado.

A assessoria de imprensa da OAB/MS afirmou que a denúncia contra a advogada é examinada pela vice-presidência da entidade. Confirmada a suposta conspiração, o caso será investigado pela Comissão de Ética, setor da OAB com poder de excluir um advogado dos quadros da Ordem.

Ales Marques foi preso pela Polícia Federal no ano passado, em sua casa, em Ponta Porã (MS), fronteira com o Paraguai. Com ele, os investigadores apreenderam 11 quilos de cocaína, armas, munições e US$ 17 mil. Dois dos filhos e a ex-mulher do sargento também foram detidos.

De acordo com a denúncia registrada na OAB, Ales Marques, que está detido no presídio militar, em Campo Grande, diz que passou para a advogada "procurações para que ela o defendesse" e também agisse na "defesa da ex-mulher e os dois filhos", presos em Ponta Porã.

Ales Marques reclama ainda que passou uma procuração dizendo que a advogada poderia cuidar de seus bens móveis e imóveis que foram sequestrados por determinação judicial em processo de lavagem de dinheiro. "Passei vários documentos para a doutora e ela não quer me devolver", queixa o traficante.

Outra reclamação do sargento tem a ver com um leilão de cavalos seus determinados pela Justiça Federal. Ele disse que ao contratar a advogada, combinou com ela que seria tarefa da defensora cuidar da alimentação dos animais.

Ocorre que a Justiça mandou leiloar os cavalos em caráter de urgência porque os animais estariam passando fome. O sargento, contudo, afirma que o leilão só aconteceu por culpa da advogada.

O bombeiro diz ainda na carta que "não é verdade" que ele teria deixa o presídio sem autorização e acompanhado de militares, um deles oficial. Ele mandou cópia de um atestado médico indicando que ele deixou o presídio após sentir "tonturas" e seguiu até um posto de saúde da Prefeitura de Campo Grande.

A reportagem do Midiamax tentou conversar com a advogada, mas não conseguiu. Em duas ligações a um aparelho fixo e um celular, que seriam dela, cujos números aparecem no cadastro da OAB, ninguém atendeu às chamadas.

A reportagem apurou, ainda, que a advogada em questão já foi punida antes pela OAB e que hoje ela exerce a profissão graças a uma medida liminar. A assessoria da OAB não confirmou a punição porque os processos contra advogados correm em sigilo.

Já a assessoria de imprensa do MPF afirmou que mesmo com a denúncia do suposto calote da advogada, está mantida a denúncia contra o bombeiro, que estaria planejando matar os juízes que cuidam do processo contra o militar.
Fonte: Agência Brasil

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