Delegado acredita que trio que assaltou loja em Caxias tenha intenção de vender o armamento ou usá-lo em outros crimesCom o rosto escondido sob máscaras cirúrgicas e óculos e numa ação que durou 10 minutos, dois homens armados renderam três pessoas e levaram 18 armas e munições de uma loja que vende artigos de caça e pesca, na manhã de ontem, no bairro Lourdes, em Caxias do Sul. A polícia acredita que o objetivo dos ladrões é comercializá-las ou usá-las em outros crimes.
Os criminosos desembarcaram de um Corolla, estacionado em frente à loja, e entraram na Javali Caça & Pesca pedindo as chaves da sala de armas e do cofre. A primeira peça, envidraçada, é um mostruário, onde fica o armamento desativado. No cofre estão aquelas que serão vendidas. Os ladrões recolheram nove pistolas calibre .380, seis espingardas calibre 12 e uma calibre 20, um revólver calibre 38 e um rifle calibre 38. Estavam na loja o proprietário, Valdir Tonietto, uma funcionária e um rapaz que trabalha em um escritório de contabilidade, prestador de serviços à empresa.
– Amarraram nossos braços e nos levaram para o banheiro, depois para o cofre – conta a funcionária, que não quis se identificar.
Os ladrões usaram algemas de plástico para imobilizar as vítimas. Quando a dupla retirou as armas do cofre, colocou os reféns na peça. Elas foram trancadas atrás das grades, mas os criminosos deixaram a chave na fechadura. Os reféns perceberam que os homens portavam um radiocomunicador, que estaria sendo utilizado para monitorar a Brigada Militar ou para a comunicação entre eles.
Os criminosos deixaram a loja com um saco de armas. Do lado de fora, um comparsa os esperava no Corolla.
Conforme o delegado Leomar Copetti, da Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), o local passará por perícia. Copetti acredita que o objetivo dos assaltantes seria roubar as armas para comercializá-las ou para empregá-las em outros crimes:
– Com certeza temos de ficar alertas – disse o delegado.
BM apreendeu objetos que podem ter relação com roubo
Eles demonstraram tranquilidade e pareciam conhecer o interior da loja, inaugurada há cinco meses. Nem câmeras de vigilância tinha ainda.
No final da tarde, a Brigada Militar (BM) apreendeu objetos que podem estar relacionados ao roubo. Foram encontrados na casa de um suspeito uma touca ninja, um radiocomunicador e um revólver calibre 38. O homem não estava em casa.
Exército verificará se houve falhas
O roubo escancara a fragilidade no armazenamento de arsenais. Nos últimos dois anos, 373 armas e farta munição pararam nas mãos de criminosos em três assaltos em Caxias do Sul, incluindo o ataque contra o Fórum, em julho passado, e a invasão na casa de um colecionador, em maio de 2009. Até agora, a polícia recuperou apenas duas pistolas levadas do Fórum. Não está confirmado se os crimes têm relação.
A sequência de ataques mostra que os ladrões estão se valendo dos poucos obstáculos nas empresas e do descuido de donos de arsenais particulares para abastecer quadrilhas.
Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas) de Caxias do Sul, Ivanir Gasparin, havia mais de 15 anos que não se registrava ataques contra lojas deste segmento na cidade. Os comerciantes garantem que cumprem as exigências de segurança. Os donos, porém, afirmam não ter como impedir os assaltos.
– Guardamos as armas com alarmes, câmeras e cofres, mas não tem como agir quando entram com uma arma apontada em nossa direção – diz Gasparin.
Para os responsáveis pelo Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados (SFPC) do Exército em Caxias, as empresas não deveriam manter estoque nas lojas para não despertar a atenção dos criminosos. O SFPC abriu medida administrativa para averiguar se houve falha na segurança da Javali Caça e Pesca, que tem autorização do Exército para vender armas de uso permitido.
Fonte: Jornal Zero Hora
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