Laudo médico impede que motorista seja levado para o Presídio Central
Depois de ter atendido o pedido de prisão preventiva do servidor Ricardo Neis, 47 anos, que atropelou um grupo de ciclistas semana passada na Capital, a Polícia Civil tenta agora uma ordem judicial para transferi-lo do Hospital Parque Belém para uma unidade prisional. No final da tarde de terça-feira, quatro horas antes da decretação da sua prisão, Neis foi hospitalizado sob o argumento de estar emocionalmente abalado. Ontem pela manhã, ao tentar capturá-lo, a polícia esbarrou em um laudo médico que vetou a alta.
Um dos motivos da necessidade de internação é que Neis correria o risco de atentar contra sua vida. À tarde, o Hospital Parque Belém divulgou nota informando que o servidor foi reavaliado, apresentando necessidade de acompanhamento psicológico permanente em área isolada, e também sugerindo a transferência dele para outra unidade psiquiátrica. O Parque Belém não teria condições de garantir a segurança de Neis, em razão da complexidade do caso.
– Devido a toda exposição do acontecimento, com repercussão internacional e com a possibilidade de reações imprevisíveis, recomendamos às autoridades, em consonância com os nossos médicos envolvidos no caso, a transferência deste paciente a uma unidade mais adequada à sua segurança – diz a nota.
Delegado recorre à Justiça para levar motorista ao IPF
Acompanhado de quatro agentes, o delegado Rodrigo Garcia, da Comunicação Social da Polícia Civil, chegou ao hospital às 6h45min. Eles subiram até o terceiro pavimento e encontraram Neis sozinho, em um quarto privativo (com diária em torno de R$ 200).
– Li a ordem de prisão, ele me perguntou se era por causa do atropelamento e não esboçou reação – contou o delegado Garcia.
Para Neis ser recolhido ao Presídio Central, era preciso a liberação hospitalar e autorização do psiquiatra Hugo Alberto Hoerlle. Às 9h, o médico se reuniu na sala da direção com Garcia e o delegado Gilberto Montenegro, da Delegacia de Lesões Corporais de Trânsito. Meia hora depois, Montenegro deixou o hospital com um laudo de Hoerlle em mãos, no qual constava que o servidor deveria ficar internado.
– Falei com ele (Neis), me pareceu normal, mas não sou médico, tenho de respeitar – afirmou Montenegro.
O delegado encaminhou ontem à tarde para Rosane Michels, juíza da 1ª Vara do Júri da Capital e que decretou a prisão, um pedido para que Neis fosse removido para o Instituto Psiquiátrico Forense (IPF) – unidade onde são recolhidos suspeitos e autores de crimes com problemas mentais.
O advogado Jair Antônio Jonco, defensor de Neis, saiu do hospital prometendo ingressar com pedido de habeas corpus do servidor.
– Ele (Neis) preferiu prestar depoimento à policia para depois procurar atendimento médico. É uma pessoa que trabalha, tem residência, não iria fugir nem está se escondendo. Está é muito abalado. Não come nem dorme direito – garantiu Jonco.
Fonte: Jornal Zero Hora
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