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terça-feira, abril 5

Caso Eliza Samúdio: destino do goleiro Bruno entra em clima de decisão


Destino do goleiro Bruno entra em clima de decisão


De um universo de glamour, assédio da imprensa e de mulheres, dinheiro farto, carros, propriedades e festas de arromba - para uma cela de 10 metros quadrados, dividida com um dos poucos amigos que restaram do passado de gastos generosos.

Há 270 dias, Bruno Fernandes de Souza trocava o posto de goleiro titular de um dos clubes mais populares do país pelo banco dos réus, onde responde ao lado de sete pessoas por um crime bárbaro, que teria vitimado a ex-namorada Eliza Samudio.

Passados os momentos iniciais da prisão e da comoção gerada pela versão da polícia para a trama, o jornal Estado de Minas - em matéria assinada pelo jornalista Pedro Ferreira - revelou ontem (3) como é a rotina do jogador na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Na unidade, a equipe de reportagem descobriu um preso com regalias, mantido longe dos prisioneiros comuns, em pavilhão especial, mas com direitos que nem de longe lembram os tempos de estrela, quando ostentava a camisa 1 do Flamengo. Do período de glória, Bruno, que agora usa o uniforme vermelho do presídio, conservou o relacionamento com a dentista Ingrid Calheiros, do Rio, e a ajuda do ex-colega rubronegro, o também goleiro Paulo Victor, além da fidelidade do braço direito Macarrão, que faz questão de dormir na mesma cela, aos pés do atleta.

Mantém ainda a esperança de que, depois das trapalhadas de uma defesa mais famosa pela polêmica do que pelos resultados, consiga deixar o xadrez. E não abandona por um único dia o sonho de voltar aos gramados. Para isso, conta com três frentes abertas pela defesa em diferentes instâncias judiciais.

Delas vem a aposta do advogado do atleta, Cláudio Dalledone Júnior, para quem Bruno será libertado esta semana. Uma hipótese em que não gostam de pensar policiais que trabalharam no caso, para os
quais o jogador tramou friamente a morte de Eliza.

O advogado de Bruno, Cláudio Dalledone Júnior, acredita poder conseguir a liberdade do cliente até o fim desta semana, trabalhando sem a interferência de outros defensores, a quem classifica como "milagreiros e oportunistas", que haviam prometido soltar o goleiro em questão de horas.

Dalledone endereçou um pedido de habeas corpus ao STF e outro ao TJ de Minas Gerais, que podem ser julgados nesta semana. Ingressou ainda com pedido de liberdade junto à Justiça de Contagem (MG), onde tramita o processo. "Até então, foram julgadas, e negadas, apenas liminares. Mudou completamente a fase do processo", disse Dalledone, que entrou no caso em novembro. Segundo ele, o TJ-MG deve julgar na quarta se a acusação contra o cliente é viável e se a tramitação do processo
obedeceu ao que a lei determina.

Bruno Fernandes das Dores de Souza, de 26 anos, está preso preventivamente desde 7 de julho. Com outras sete pessoas, ele responde na Justiça pelo desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-namorada do atleta, com quem ele teria um filho, em junho do ano passado. Caso seja solto, pode aguardar em liberdade por um julgamento que, segundo especialistas na área, não deve entrar na pauta do Tribunal do Júri de Contagem antes de oito meses, diante do grande número de envolvidos e de recursos possíveis.

De acordo com o advogado, há inúmeros pedidos de nulidade do processo e um deles é por defesa deficitária. "Meu cliente não teve uma defesa eficiente. Também houve cerceamento, pois não ouviram no processo os delegados responsáveis pelo inquérito", alega o advogado, dizendo que seus argumentos somam mais de 200 laudas. Ele ressalta que somente agora o Tribunal de Justiça de Minas vai julgar o habeas corpus com debates entre acusação e defesa.

Para o advogado, o cliente tem plenas condições de voltar a jogar, se for solto. Dalledone evita comentar a vida de Bruno na prisão e tampouco revela seus honorários. "É uma questão pessoal", limita-se a afirmar.

Além do goleiro, estão presos pelo mesmo crime Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de infância e braço direito do atleta; Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno; e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola.

Outros denunciados no processo foram libertados pela juíza Marixa Fabiane, do Fórum de Contagem. Eles continuam respondendo em liberdade e vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, segundo o advogado. Para ele, Bruno também preenche os requisitos para responder livre pelas acusações. "O caso já não está tão fustigado na mídia. Isso faz com que os julgadores tenham uma tranquilidade maior para decidir. Bruno vai ser posto em liberdade, tenho certeza."

Porém, para o chefe da Divisão de Crimes contra a Vida, Edson Moreira, delegado que conduziu a investigação, o goleiro está longe de poder figurar na condição de vítima da opinião pública.

Defendendo o trabalho da Polícia Civil no caso, ele sustenta que o atleta começou a planejar a morte da ex-namorada em fevereiro do ano passado, quatro meses antes do homicídio. "Ele engravidou Eliza, a sequestrou e tentou que ela abortasse. Até respondeu a processo no Rio de Janeiro por isso, junto com Macarrão. Ela fugiu para São Paulo e a criança nasceu em fevereiro. Bruno a chamou ao Rio, com a desculpa de que iria reconhecer o bebê como filho, e a sequestrou novamente", disse o delegado, lembrando que consta no processo que em fevereiro o jogador já entrava em contato com o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar Eliza e sumir com o corpo.

No dia em que Eliza foi sequestrada por Macarrão e um adolescente de 17 anos, primo de Bruno, o menor telefonou cinco vezes para o goleiro, segundo Edson Moreira. "Bruno esteve presente o tempo todo no seu sítio, onde Eliza era mantida. Depois que foi morta, ele queimou a bolsa dela e entregou o bebê para Dayanne, dizendo para ela arrumar um lugar para a criança. Fez tudo de forma premeditada", acusa.

O promotor que pediu a condenação de Bruno, Gustavo Fantini de Castro, não se manifesta sobre o assunto.
Fonte: Site Espaço Vital

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