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terça-feira, dezembro 27

Em clima de Novo Ano (I)



Um acontecimento bem ordinário  - em relação ao qual eu não tenho qualquer aborrecimento - é o encontro de final de ano com as amigas. A famosa 'ceia' - assim nós o chamamos.
Ele sempre acontece nesta semana que intermedeia o Natal e o Novo Ano. Ontem foi o dia. O grupo da janta esteve reunido, com exceção da Fossati, cuja falta foi sentida. Além do grupo tradicional, também tivemos a oportunidade de reunir as 'seis jesus' (só quem sabe, entende).
A noite foi muito legal. Quase à saída, li o texto abaixo que escrevi, como de praxe, para as Amigas.


 "Esse pode não ter sido um ano fácil...
Certamente não foi para muitas de nós. Por razões diversas,  esse ano nos pesou.
Mas a vida é assim mesmo, e precisamos nos preparar para o que ainda há de vir.
 E virá.  
A maturidade nos traz muitas dádivas, mas também alguns fardos.
Já não temos mais o mesmo pique. Percebemos isso. O corpo evidencia com intensidade nossos limites...
Os nossos filhos crescem, e tudo passa a nos preocupar mais do que antes. E como ocupam, também.  Fazem-nos sofrer, chorar; dão-nos alegrias, é verdade, muitas alegrias. Mas nos desassossegam na mesma proporção.
Nossos companheiros, tal como nós, sentem o peso da idade e das nossas ansiedades cotidianas. As aflições são deles também.
 Já os nossos pais envelhecem. Muitos ingressaram numa linha descendente. Nós os perdemos aos poucos, e vamos nos dando conta disso...Ou os perdemos de surpresa, como também acontece.
Tudo precisa ser superado. E  temos que ser fortes o suficiente para isso (mesmo que muitas vezes estejamos  enfraquecidas, abatidas, desanimadas).
Tudo pesa e cansa.
As doenças se instalam.  Mais ou menos graves, elas se apresentam para nós.  A idade chega, e mostra a sua cara, e a que veio. 
Da necessidade de uns óculos, às dores crônicas no corpo ou na coluna, em meio à agonia, temos que encarar tudo de frente, e combater, dia-a-dia aquilo que nos pode fazer esmorecer.
Já sabemos, agora por experiência própria, que sem saúde tudo se perde.
Profissionalmente podemos ter adquirido a estabilidade desejada.  Já não precisamos lutar tanto para as conquistas, mas é preciso guerrear muito para manter o que absorvemos.
Não fosse isso pouco, ainda há as peças que a vida – o coração mesmo – nos prepara.
Divisões, dúvidas, anseios, medos. Vontade de mudar de vida. Fazê-lo, ou não? Experimentar ou contentar-se com o que há? Manter equilíbrio ou aventurar-se? Ambigüidades. E isso é idade para tê-las? Não devia, mas temos.
Assim vamos vivendo, deparando-nos com fatos para guardar vivos na memória, e outros que desejamos esquecer em definitivo.
O que importa é que estejamos sempre aptas a aprender com o tempo.
 E é ele que nos ensina, e nos ensinará a viver a vida daqui para frente mais do que antes.
Nem tudo é fardo, peso, agonia, tristeza ou amargura. A vida também tem um lado leve, surpreendente. Capaz de nos fazer delirar. Ou mesmo alegrar. Vamos combinar: ela também tem momentos bem divertidos!
Nesses tempos a vida se apresenta risonha para nós. Ela é de uma suavidade impressionante. E são esses tempos que precisamos manter vivos, constantes, sem nos escapar.
Por isso, meninas, a hora não é de recomendar, mas de refletir sobre o que e como fazer para viver mais e melhor.
Se eu tivesse que pensar em recomendações, ou dar-lhes  receita disso, eu sugeriria que fossemos exatamente assim:  mais leves; menos abatidas, e mais risonhas; generosas e solidárias.  Menos preocupadas, e menos ocupadas, também. Ah, e a calma...ela é fundamental para viver com maior qualidade. 
Eu indicaria três palavras mágicas: fé, calma e paciência.
 Ah, e o silêncio também. Ele muitas vezes vale mais do que qualquer bom discurso.
Por fim, cultivar os amigos, nós sabemos bem, é uma ótima receita.
Cultivemos, pois, a nossa amizade.
Ela nos permitirá economizar lágrimas e fazer-nos abundar sorrisos".

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