A Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Federal prendeu ontem no Rio 11 pessoas, inclusive o ex-comandante e um ex-soldado da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro do São Carlos, no Estácio (zona norte), por tráfico de drogas e associação para o tráfico.
Segundo a PF, o capitão da PM Adjaldo Luiz Piedade recebeu até R$ 15 mil por semana durante seis meses e negociava diretamente com o traficante Sandro Luiz de Paula Amorim, o Peixe.
As investigações que resultaram na Operação Boca Aberta começaram no ano passado.
Segundo a PF, o comandante deslocava o policiamento para facilitar a venda de drogas. Os pagamentos ao capitão eram feitos em espécie e sempre às segundas-feiras. O esquema funcionou de maio a outubro de 2011, quando o capitão foi transferido para o Departamento-Geral de Pessoal da PM, após denúncias de corrupção.
No entanto, de acordo com a PF, a intimidade do capitão com o traficante era tanta que os contatos telefônicos com o criminoso continuaram. 'Em uma das conversas, o traficante sugeriu que o comandante afastado fosse para o Batalhão de Polícia de Macaé porque conhecia muita gente naquela cidade', afirmou o delegado da DRE Fábio Andrade. Peixe foi preso quando fugia da Favela da Rocinha escoltado por policiais, em novembro do ano passado.
O soldado Alexandre Duarte de Oliveira se apresentava ao tráfico como 'representante do comandante'. Ele também foi flagrado em escutas telefônicas. Nas gravações, o policial combinava o recebimento da propina e até pedia pequenas quantidades de maconha. O soldado atuou com o comandante no Morro do São Carlos e atualmente estava lotado na UPP do Morro da Fallet, em Santa Teresa (região central). Oliveira foi preso em casa com uma arma ilegal calibre 380.
O delegado titular da DRE, João Luiz Caetano de Araújo, afirmou que há indícios do envolvimento de outros policiais da UPP do São Carlos com traficantes e disse que repassou as informações para a Secretaria de Segurança do Rio para mais investigações.
Os demais presos ontem são traficantes do São Carlos, detidos em diferentes locais do Rio.
Segundo caso. Este foi o segundo grande escândalo de corrupção em uma UPP. Em setembro de 2011, a PM determinou o afastamento do comandante e do subcomandante da UPP da Coroa, Fallet e Fogueteiro.
A medida foi tomada após a prisão em flagrante de três policiais da unidade com R$ 13,4 mil em um carro. A investigação revelou que 30 PMs recebiam mensalmente do tráfico valores entre R$ 400 e R$ 2 mil.
Fonte: O Estadão
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