As principais provas contra os três policiais da Rota
detidos ontem na zona leste de São Paulo são a ligação de uma testemunha para o
Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) e as imagens de uma câmera que
flagrou a ação no km 1 da Rodovia Ayrton Senna, nas proximidades do Parque
Ecológico do Tietê, distante cerca de 3 km do estacionamento onde aconteceu o
suposto confronto com bandidos. Imagens da viatura parada e o áudio da ligação
têm aproximadamente 12 minutos cada e ocorreram simultaneamente.
Segundo o corregedor da PM, coronel Rui Conegundes Sousa, a
testemunha foi alertada pelo filho e ligou para o 190. 'Ela (testemunha) ligou
para o Copom e descreveu a ação dos policiais. Teriam sido praticadas algumas
agressões e, posteriormente, ela teria ouvido disparos.'
A pessoa que fez a ligação não soube dizer a que unidade
pertenciam os policiais, e só depois foi possível identificá-los como
integrantes da Rota. 'Diante dessas circunstâncias, com a notícia dada por essa
testemunha e os indícios de como foi apresentada a pessoa morta no
pronto-socorro, deliberamos pela prisão em flagrante dos policiais', disse
Sousa.
Local.
Segundo o comandante da Rota, tenente-coronel Salvador
Modesto Madia, uma denúncia anônima feita diretamente ao quartel da Rota, como
ocorreria 'centenas de vezes ao dia', informou que integrantes do Primeiro
Comando da Capital (PCC) estavam reunidos no estacionamento, planejando o
resgate de um traficante preso no Centro de Detenção Provisória do Belém,
também na zona leste, e que seria levado para Presidente Venceslau, no interior
do Estado. 'Isso tudo foi confirmado hoje por um dos indivíduos detidos, que
fala o nome de quem eles iriam resgatar e de que maneira. Não é uma coisa que
caiu do céu, que a gente achou', disse. Para ele, o assassinato foi uma 'não-conformidade'.
No local, foram apreendidos um fuzil, uma submetralhadora,
três pistolas, três revólveres, oito tabletes de cocaína e seis tijolos de
maconha que, segundo a polícia, seriam dos suspeitos.
O estacionamento, onde também ocorrem bailes funk, tem 38
câmeras, mas nenhuma teria filmado a ação. 'O proprietário disse que o sistema
está sendo montado e que elas não estavam gravando, só fazendo monitoramento',
disse o corregedor da PM.
Para o diretor do DHPP, Jorge Carrasco, a ação no
estacionamento foi legítima e apenas a morte de um suspeito seria decorrente de
um 'crime doloso contra a vida' (homicídio intencional). Neste ano, foram
investigadas 177 situações de resistência seguida de morte na Região
Metropolitana. Cerca de 40% dos casos já foram concluídos e não foram
encontrados indícios de irregularidade.
Entre os mortos, foram identificados José Carlos Arlindo
Júnior, de 35 anos, com antecedentes por furto, roubo e homicídio, Antonio
Marcos Clarindo dos Santos, de 37 anos, com passagens por tráfico, homicídio,
porte de droga e arma, e Claudio Henrique Mendes da Silva. Os demais não foram
divulgados.
Foram presos Ricardo dos Santos Souza, de 34 anos, com
passagens por roubo e receptação, Luci Maria Pereira Ramos, de 48, com
antecedentes por furto, estelionato, tráfico, porte de arma e formação de
quadrilha, e Fabiana Rufino de Souza. Ontem, no DHPP, pelo menos 20 policiais
da Rota acompanhavam o depoimento dos colegas.
Fonte: O Estadão
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